Incêndio em Chernobyl (atualizada 16-04)

em 16/04/2020


Um incêndio que agora cobre 50 acres começou dentro da zona de exclusão ao redor de Chernobyl, a usina nuclear da era soviética que explodiu em 1986. E as chamas acordaram velhos fantasmas: as leituras de radiação ao redor da área são quase cinco vezes maiores que o considerado seguro, e mais de 16 vezes o normal.

Convido os amigos e amigas a conferir essa matéria que nos foi enviada pela amiga Nayara Mastub.

Incêndio na área do desastre nuclear

As plantas ao redor de Chernobyl ainda estão irradiadas do desastre de 1986. Quando elas queimam, os níveis de radiação na área atingem um pico.

Bombeiros ucranianos ainda estavam combatendo dois focos na manhã de segunda-feira perto do vilarejo abandonado de Vladimirovka. O país mobilizou 124 bombeiros, um avião e um helicóptero para combater os dois maiores focos de incêndio, segundo a CNN.


“No centro do fogo, a radiação está acima do normal”, escreveu Egor Firsov, chefe do serviço de inspeção ecológica da Ucrânia, num post no Facebook com um vídeo de um contador Geiger, um aparelho que mede radiação. A leitura que aparece é de 2,3 microsieverts por hora; a quantidade máxima considerada segura é 0,5, e as leituras na área em chamas geralmente são de 0,14, segundo Firsov.

Sem pessoas na área, a zona de exclusão se tornou um refúgio para cerca de 200 espécies de pássaros, além de linces e ursos pardos. Os níveis normais de radiação geralmente não afetam o ecossistema biodiverso que floresceu ali, mas um pico pode mudar isso.

Incêndios radioativos não são o único problema que os serviços de emergência ucranianos estão enfrentando agora: quase 1.500 casos de coronavírus foram confirmados no país. O governo montou barracas para testar pacientes em Kiev, a capital. Epidemiologistas no país esperam que 80% da população vá contrair covid-19, com 20% dos casos exigindo internação.

Felizmente, a radiação das queimadas ao redor de Chernobyl não se espalhou para regiões mais populosas do país. Kiev, que fica a cerca de 96 quilômetros de Chernobyl, não foi atingida.

Vegetação tomou a área inabitada cercando a antiga usina, o que significa que queimadas não são incomuns: é um problema com o qual as autoridades ucranianas lidam todo ano no outono e primavera, quando visitantes descuidados acabam começando incêndios.

“Isso não pode continuar”, disse Firsov. “Penalidades de incêndio deveriam aumentar 50, 100 vezes.”

Suspeito diz que incêndio começou por brincadeira

A polícia anunciou a detenção de uma pessoa suspeita de ser responsável pelo incêndio. O homem, de 27 anos, disse que ateou fogo na erva seca "por brincadeira" e não conseguiu controlar as chamas que se propagaram rapidamente com o vento.



Os bombeiros afirmaram que conseguiram circunscrever um dos focos do incêndio numa área com cerca de cinco hectares, mas o segundo continuava ativo, abrangendo uma zona de cerca de 20 hectares. Informaram ainda que estão sendo utilizados meios aéreos para extinguir o incêndio.

Fogo chega perto da usina

De acordo com matéria da BBC postada no dia 14 de abril, o operador de turismo Yaroslav Emelianenko afirmou que as chamas atingiram a cidade abandonada de Pripyat, que costumava servir à usina.

O fogo, segundo ele, está a cerca de 2 quilômetros do local onde estão armazenados os resíduos mais perigosos da usina.

O Greenpeace disse que o fogo era muito maior do que apontavam as autoridades.


Um representante do braço russo da ONG, em entrevista à agência Reuters, disse que o maior incêndio atingia uma área de 34 mil hectares, enquanto um segundo, a apenas um quilômetro da antiga usina, cobria uma área de 12 mil hectares.

A usina nuclear de Chernobyl e a cidade de Pripyat estão abandonadas desde 1986, quando o reator número 4 da usina explodiu.

Emelianenko também disse que se o fogo atingir Pripyat seria um desastre econômico, já que as visitas guiadas são fonte de receita considerável para a região.

Em 2018, mais de 70 mil pessoas visitaram a cidade. No ano passado esses números foram ainda maiores, graças ao sucesso da série da HBO sobre o desastre.

Agradecimentos a amiga Nayara pelo envio da matéria.

Fontes: Vice e JN Portugal

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