A História sem Fim, lançado em 1984, é um filme de fantasia/aventura que foi muito transmitido na sessão da tarde e até no cinema em casa durante a década de 90. Quem tiver mais de 30 anos certamente vai se recordar dessa estranha obra do cinema.
No filme Bastian (Barret Oliver) é um garoto que usa sua imaginação como refúgio dos problemas do dia-a-dia, como as provas do colégio, as brigas na escola e a perda de sua mãe. Um dia, após se livrar de alguns garotos que insistem em atormentá-lo, ele entra em uma livraria. Lá o proprietário mostra um antigo livro, chamado A História Sem Fim, o qual classifica como perigoso. O alerta atiça a curiosidade de Bastian, que pega o livro emprestado sem ser percebido. A leitura o transporta para o mundo de Fantasia, um lugar que espera desesperadamente a chegada de um herói. A imperatriz local (Tami Stronach) está morrendo e, junto com ela, o mundo em que vive é aos poucos devorado pelo feroz Nada. A única esperança é Atreyu (Noah Hathaway), que busca a cura para a doença da imperatriz com a ajuda de Bastian.
O filme tinha uma pegada infantil, algo como uma aventura em uma realidade alternativa, algo que lembra um pouco o clássico "O mágico de Oz", mas se analisarmos bem a história apresenta alguns indícios mais perturbadores e que podem causar algumas reflexões a respeito do curso da humanidade e sua incapacidade de lidar com certas emoções.
Veja abaixo sete inícios que, se tratados de uma forma mais sombria, poderia fazer esse filme deixar de ser uma fantasia para se tornar um terror psicológico.
1. O pai de Bastian minimiza a morte de sua mãe
Na primeira cena em que vemos Bastian, ele está bastante borocoxô por conta do falecimento de sua mãe. A saudade dela tem levado o garoto a desenhar unicórnios na escola, que chamou seu pai para ter uma conversinha. E o que o pai dele aconselha? O cara simplesmente fala que Bastian já é velho o suficiente para não ficar mais com a cabeça nas nuvens, que ele deve colocar os pés no chão e SE ESQUECER da mãe!
2. O bullying que Bastian sofre é insano
Hoje em dia, o bullying é um assunto bastante discutido, mas na época do filme pouco se falava – talvez por isso os valentões que atazanam Bastiam não possuíssem nenhum limite. Não contentes em zoá-lo, os rapazes roubam o dinheiro do garoto e depois o jogam em uma caçamba de lixo. Para piorar, eles ainda ficam esperando Bastian sair dos entulhos para continuar as provocações.
Esse indício não é muito forte, afinal de contas nessa época quase todos os filmes que abordavam a história de um bom garoto em transição entre a infância e a adolescência, mostrava esse personagem sofrendo algum tipo de bullying. Sempre existiam valentões prontos para infernizar a vida dos personagens. Clássicos como Conta Comigo e It, A coisa, são exemplos desse tipo de situação.
3. Artax: o trauma de toda uma geração
Quando Bastian começa a ler o livro da “História Sem Fim”, finalmente entramos no mundo de Fantasia, que corre perigo de sumir por conta do Nada. Atreyu é o herói escolhido para tentar conter o mal, mas ele enfrenta um trauma que pulou para fora da tela de forma surpreendente: a morte do cavalo Artax no Pântano da Tristeza.
O cavalo morreu no pântano da tristeza, o que no filme deixa a sensação de que ele não morreu por causa de uma arreia movediça ou algo do tipo, mas ele apenas ficou triste demais para lutar contra o lodo do pântano e afundou lentamente para a morte, não importando o quanto o amigo lutava para tentar ajudá-lo a superar a tristeza. Não seria essa uma forma de falar de suicídio? Essa é sem dúvida uma das cenas mais tristes do filme.
4. O Comedor de Pedras e seu discurso conformado com a morte
Atreyu encontra inúmeros amigos em sua jornada por Fantasia. Um deles é o Comedor de Pedra, que, apesar de ter um coração de ouro – se é que gigantes de pedra têm coração –, está conformado com a morte! Nos tempos áureos, ele comenta que sua única preocupação era escolher as rochas mais gostosas para comer.
Agora tudo mudou: o Comedor de Pedra assume que sua única função na vida, neste momento, é ficar sentado esperando o Nada chegar. Parece deprimente? E é! Cadê o discurso motivacional? Cadê a ideia de superação dos problemas? Estamos falando de um suposto filme infantil, e o cara só pensa em MORRER?
5. O principal vilão é algo que “não” existe
Na maioria dos filmes de fantasia, estamos acostumados a ver o mal através de uma personificação: seja um monstro ou uma bruxa e por aí vai. Agora, em “A História Sem Fim”, a grande preocupação é com o Nada. E como explicar isso? Trata-se de um “vilão” existencialista, já que todo o universo de Fantasia está sumindo justamente porque as pessoas não estão mais consumindo fantasias!
No livro, esse medo da não existência é muito mais fácil de ser descrito do que nas telonas, mas, ainda assim, o vilão é aterrorizante. Para piorar e deixar as coisas ainda mais tensas, o longa-metragem tenta dar uma imagem ao Nada, colocando-o na figura de um lobo. Não funciona muito bem, já que o medo principal é de que tudo simplesmente desapareça.
6. Metalinguagem
No final do filme, Atreyu descobre que sua vida não passa de um livro que Bastian está lendo – e que, no fundo, também faz parte de um filme a que estamos assistindo. A história de Atreyu é bastante determinada pelas ações de seu leitor, que precisa dar um novo nome para a Imperatriz Menina e salvar Fantasia da total devastação. Logo, tudo que aconteceu na vida do herói pode ter surgido da mente perturbada de Bastian, que ainda não superou a perda da mãe.
Aos poucos, nos tocamos de que também fazemos parte dessa história sem fim, já que o principal motivo para Fantasia estar sumindo é o fato de que não estamos mais vivendo nesse universo. Você consegue compreender o terror de uma criança ao saber que as ações dela são responsáveis pelo fato de o mundo imaginário coletivo deixar de existir? Pesado.
7. Desejo de vingança
Quando termina de ler “A História Sem Fim”, Bastian recebe o poder de ter desejos infinitos. Claro que, se você leu o tópico acima, deve saber que esses desejos seriam tratados mais no mundo de Fantasia, já que é esse universo que precisa ser salvo. Bastian poderia pedir várias coisas: a mãe de volta, um pai mais compreensível, a paz mundial.
Mas, não! Bastian pede que Falkor, o dragão, venha para o mundo real para que ele possa SE VINGAR dos garotos que praticavam bullying com ele. Que lição de moral deturpada, não é mesmo? E a cena toda é mostrada com a música-tema rolando, e vários sorrisos no rosto dos protagonistas. Que final psicótico!
Pra mim a estranheza da lugar a uma reflexão, afinal de contas o que acontece com algumas pessoas que sofrem bullying, e que não possuem um lar compreensivo e que o instrua adequadamente, como o que podemos ver que acontece com Bastian? Essas pessoas podem se tornar verdadeiras bombas relógio, ainda mais se num futuro próximo passarem a ter mecanismos, ou armas, ou um dragão, etc...que lhes permita vingança contra o tipo de pessoa que os tratavam mal. Na minha opinião o filme antecipa o trágico fenômenos dos ataques de estudantes armados a escolas.
Fontes: Mega Curioso e Adoro Cinema
Muito bacana, sempre tive medo desse filme desde criança sabia que tinha algo errado ali.
ResponderExcluirMuito bacana, sempre tive medo desse filme desde criança sabia que tinha algo errado ali.
ResponderExcluirQue exagero, amigo. Você parece ver coisas ruins ou tentar achar coisas ruins em tudo. Esse filme nunca me deu medo mas sim esperança. E qual o mal em se vingar dos garotos do bulin? Eles fugiram de medo e se esconderam na lixeira local onde eles jogavam o Bastian. Não precisa analizar livros dessa forma. Cada um interpreta de um jeito. A tua interpretação foi de perseguição, psicose. É a tua visão. Você talvez consiga influenciar algumas pessoas mas o teu foco é esse?
ResponderExcluirEm um trecho do seu comentário vc diz: "Cada um interpreta de um jeito" e logo em seguida vc completa: "A tua interpretação foi de perseguição, psicose".
ExcluirVocê entende que as pessoas enxergam as coisas de jeitos diferentes, mas não é capaz de aceitar a minha interpretação, afirmando que estou de perseguição...
O problema é que ninguém pode discordar de ninguém...ninguém pode pensar diferente que sempre aparece um bando criticando... Eu pelo menos fico feliz quando vejo as pessoas pensando e ponderando coisas diferentes de mim, o que me incomoda é as pessoas afirmando que, por eu pensar diferente delas, sou psicótico...
Olá... Acho que aqui houve um problema de compreensão de texto... O que o visitante da sua página disse é que sua visão do filme se baseia em um olhar para o potencial de terror que esse filme pode ter. Não creio que você foi chamado de psicótico...
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