Em um novo estudo, um grupo de pesquisadores europeus definiu um padrão para traços de personalidade de pessoas más. Chamado de Fator Sombrio de Personalidade, o fator-d (do inglês Dark Factor of Personality) pode dizer a extensão dos traços sombrios de uma pessoa, que causam comportamentos ético, moral e socialmente questionáveis.
O estudo segue os moldes do fator geral de inteligência (fator-g), descrito por Charles Spearman há mais de 100 anos. Segundo o fator-g, as pessoas que têm pontuação alta em um teste de inteligência também tendem a obter uma pontuação alta em outros testes de inteligência, mesmo que meçam habilidades diferentes, como inteligência verbal, visuoespacial ou perceptiva.
Isso significa que o fator-g está em conformidade com o princípio da “indiferença do indicador”: não importa qual teste de inteligência você administra – contanto ele seja cognitivamente complexo e tenha itens suficientes – você pode medir de forma confiável e válida a capacidade cognitiva geral de uma pessoa. Segundo o novo artigo, publicado no periódico “Psychological Review”, o fator-d também se comporta de acordo com esse princípio.
Todos conhecemos pessoas que exibem consistentemente comportamentos éticos, morais e socialmente questionáveis. Isso levanta a questão: existe uma raiz comum a todos esses traços de personalidade sombrios? Para Morten Moshagen, da Universidade de Ulm, Benjamin Hilbig, da Universidade Koblenz-Landau, ambas na Alemanha, e Ingo Zettler, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, a resposta é sim. Os autores definem o fator-d como “a tendência de maximizar a utilidade individual de alguém – desconsiderando, aceitando ou provocando de maneira mal-intencionada a desutilidade de outros -, acompanhada de crenças que servem como justificativas” para esses comportamentos.
Maximização da utilidade
Nesse caso, “utilidade” se refere a alcançar objetivos. Aqueles que pontuam alto no fator-d buscam suas metas mesmo que isso contrarie os interesses ou até mesmo traga resultados negativos para outras pessoas. Isso pode ser representado por ganhos visíveis, como um status maior ou ganho monetário, mas também de maneiras menos tangíveis, como sentimentos de poder, superioridade, prazer ou alegria.
Essas pessoas não ajudam outras se isso não os beneficiar e não ficam felizes pelo sucesso de qualquer pessoa que não sejam eles mesmos. Os autores também destacam que aqueles com um fator-d alto podem agir cooperativamente mesmo sem ter algum ganho imediato estrategicamente (por exemplo, para construir uma certa reputação ou evitar sanções).
O fator-d
Em quatro estudos, os pesquisadores encontraram base para a existência do fator-d proposto, reporta a “Scientific American”. Eles administraram nove testes de personalidade diferentes, cada um medindo um traço sombrio específico que foi bem estudado na literatura psicológica. As nove características que compõem o fator-d são:
1. Egoísmo: a preocupação excessiva com o próprio prazer ou vantagem em detrimento do bem-estar da comunidade.
2. Maquiavelismo: manipulação, afeto insensível e inclinação estratégica-calculista.
3. Desapego moral: uma orientação cognitiva generalizada para o mundo que diferencia o pensamento dos indivíduos de uma forma que afeta muito comportamento antiético.
4. Narcisismo: o reforço do ego é o motivo absoluto.
5. Direito psicológico: um sentimento estável e generalizado de que se merece mais e se tem mais direito do que outros.
6. Psicopatia: déficits no afeto (ou seja, insensibilidade) e autocontrole (ou seja, impulsividade).
7. Sadismo: uma pessoa que humilha os outros, mostra um padrão duradouro de comportamento cruel ou humilhante para os outros, ou inflige intencionalmente dor ou sofrimento físico, sexual ou psicológico aos outros para afirmar poder e domínio ou para prazer e diversão.
8. Interesse próprio: a busca de ganhos em domínios socialmente valorizados, incluindo bens materiais, status social, reconhecimento, realização acadêmica ou ocupacional e felicidade.
9. Rancor: uma preferência que prejudicaria o outro, mas que também acarretaria danos a si mesmo. Esse dano pode ser social, financeiro, físico ou um inconveniente.
Qual é o seu fator-d?
Para quem está ansioso para saber se tem um fator-d alto, este teste de nove itens deve ser suficiente para estimar em um grau razoável qual seria sua pontuação. Basta marcar com quais afirmações você se identifica fortemente:
A escala do âmago sombrio
1. É difícil chegar à frente sem pegar atalhos aqui e ali.
2. Eu gosto de usar uma manipulação inteligente para que as coisas saiam como eu quero.
3. Pessoas que são maltratadas geralmente fizeram algo para provocar isso.
4. Eu sei que sou especial porque todo mundo sempre me diz isso.
5. Sinceramente sinto que sou mais merecedor que os outros.
6. Vou dizer qualquer coisa para conseguir o que quero.
7. Ferir as pessoas seria excitante.
8. Eu tento me certificar de que os outros saibam dos meus sucessos.
9. Às vezes, vale a pena que eu sofra um pouco para ver os outros receberem a punição que merecem.
Quanto mais você estiver em forte concordância com vários itens nessa escala, maior a probabilidade de obter pontuação alta no fator-d. Se você concorda fortemente com apenas um item nesta escala, é provável que o seu fator-d não seja muito alto. No entanto, se você se identificar bastante com muitos desses itens, há uma grande probabilidade de você ter uma pontuação alta no fator-d.
Fonte: Hypescience
Ótimo post, meu caro.
ResponderExcluirValeu amigo...seja sempre bem vindo!!!
Excluir