Um não solucionado crime cometido em 1974, cuja vítima nunca foi identificada, agora acaba envolvido em uma polêmica disseminada por Joe Hill, filho do famoso escritor Stephen King. Convido os amigos e amigas a conhecerem um pouco mais sobre esse curioso assunto.
A "Dama das Dunas" estava nua e em decomposição - sua cabeça quase decapitada, um dos pulsos cortados, a mão amputada, quando seu cadáver foi descoberto em Julho de 1974 em um aglomerado de árvores perto da Praia de Race Point em Provincetown, Massachusetts. Ela estava deitada de bruços em uma toalha de praia verde. Uma bandana azulada havia sido colocada em sua cabeça, tampado um horrível ferimento que afundou seu crânio. Uma calça e macacão jeans foram dobrados e dispostos como um travesseiro.
Na extremidade de cada braço, onde as mãos deveriam estar haviam pilhas de sementes de pinheiro.
A despeito de seu estado lamentável, seja la quem a matou, preparou um ambiente sereno e tranquilo. Quem a visse de longe acharia que ela estava dormindo em paz. Não se pode determinar ao certo se ela havia sofrido violência sexual, ou não.
O local onde ela foi deixada, ficava a apenas alguns metros de uma trilha usada por pessoas que se dirigiam para a praia. Havia rastro de sangue, mas as autoridades sustentavam que ela tivesse sido morta em outra localidade e levada para lá, alguns dias antes, ou mesmo semanas.
"Ela foi colocada naquela posição encenada", recordou Warren Tobias, policial do Departamento de Provincetown. "Ela estava deitada na toalha como se estivesse se bronzeando". Sua pele ficou queimada e escurecida pela exposição, com grandes feridas e cascas. Insetos haviam sido atraídos pelo cheiro, moscas e outros animais rasteiros que ali proliferaram. O corpo foi muito deteriorado.
Na falta de verdadeira identidade, ela passou a ser chamada de Dama das Dunas um apelido decorrente do local onde foi achada. Mesmo com exames de DNA, seu nome e o assassino jamais foram confirmados.
"Após 44 anos, nos ainda não sabemos quem era ela", explicou Tobias, que esteve envolvido com o caso ao longo de décadas: primeiro como recruta, depois detetive e mais recentemente como civil.
A morte da mulher permanece como um mistério - e um imã para incontáveis teorias sobre quem seria o responsável. Alguns especuladores afirmam que o crime pode ter sido encomendado pelo famoso gângster James "Whitey" Bulger, envolvido em vários crimes e com um modus operandi semelhante. White tentava evitar a identificação de suas vítimas a todo custo. Há aqueles que suspeitam de Tony Costa um assassino em série que atacou na região de South Boston e que abandonava suas vítimas em cenas cuidadosamente encenadas. Entretanto ao tempo em que provavelmente ocorreu o crime, Costa já estava detido.
O caso voltou a despertar a atenção do publico recentemente graças ao envolvimento do escritor Joe Hill, filho do famoso novelista Stephen King.
A hipótese de Hill a respeito do crime, que foi citada pela primeira vez em seu blog no mês de agosto de 2015, ganhou os jornais em face de comentários em um podcast dedicado ao filme Tubarão de Steven Spielberg de 1975.
Sua teoria? Antes de encontrar seu assassino, a Dama das Dunas pode ter participado do filme como figurante. A produção foi rodada em Martha's Vineyard, próximo do local onde o corpo foi descoberto. O filme envolveu a contratação de muitas pessoas para compor as cenas.
Hill chamou a atenção especificamente para um momento a cerca de 54 minutos e 2 segundos do início do filme, nas cenas que se passam no feriado de Quatro de Julho, quando uma moça jovem vestindo jeans e uma bandana azul pode ser vista no fundo. A moça guarda realmente uma notável semelhança com o retrato falado feito por artistas forenses que examinaram o corpo.
Ele ponderou que, "a jovem vítima poderia estar bem aparente em um filme clássico e ninguém jamais percebeu".
"E se,", ele escreveu em 2015, "a imagem pertencesse ao fantasma da Dama das Dunas que assombrava a filmagem, quase como se pedisse socorro"?
Nesse mesmo artigo, Hill também cogita que muitas pessoas, em especial mulheres jovens foram atraídas para a região durante a produção do filme, para participar dele. O filme usou muitos extras, sobretudo nas cenas se passando na praia e basicamente qualquer um interessado em participar bastava aparecer no set para ser aceito. Talvez por conta disso, ela não tenha sido reconhecida e nenhum desaparecimento de uma moça semelhante foi comunicado na área.
Não seria de estranhar uma moça que tivesse vindo participar das filmagem, aproveitasse alguns dias a mais explorando o Cabo na época de férias.
Em seu blog, Hill disse ter entrado em contato com um agente do FBI a respeito de suas suposições. Em resposta este disse que a teoria poderia ser interessante, sobretudo porque filmes guardam a relação detalhada com o nome de todos que participam da produção, e se a Dama das Dunas esteve presente como extra, seu nome estaria em alguma lista.
Além disso, "ideias mais estranhas já ajudaram a resolver casos misteriosos", refletiu o agente.
"Meu trabalho e escrever livros de mistério", disse Hill, "esse exercício de imaginar diferentes cenários e possibilidades ajuda a pensar no que poderia ter acontecido e talvez até aconteceu".
Falando com jornalistas, o investigador chefe da Polícia de Provincetown, Detetive Meredith Lobur, declinou de dar detalhes sobre seu procedimento. "Qualquer coisa que ajude a promover um caso e gera interesse, é bom".
O Detetive Labor disse também que a Polícia está se guiando qualquer teoria capaz de elucidar o caso e fornecer alguma informação adicional.
Hill concorda: "existem pessoas que trabalharam no filme e que podem lembrar de algum detalhe. Que talvez se recordem de uma moça de banda na azul presente nas filmagens de Tubarão.
"Duas coisas atípicas aconteceram em Cape Cód no verão de 1974", -ele explicou. "A primeira foi a filmagem de um filme enorme que atraiu a atenção de inúmeras pessoas que vieram acompanhar a produção. A segunda a descoberta de uma mulher assassinada nos arredores de Provincetown, uma cidade extremamente tranquila. É possível que as duas coisas estejam de alguma forma relacionadas".
O caso deixou investigadores perplexos por décadas, desde que o cadáver foi descoberto por uma garota passeando com seu cão. O assassino tentou ocultar sua identidade de todas as maneiras, por isso errou suas mãos e arrancou vários dentes com um alicate.
Os cabelos da moça também foram parcialmente cortados, mas o assassino parece ter desistido de fazê-lo em determinado momento, Ele pode ter planejado decapitar a moça, mas também desistiu de seu intento.
Tobias o policial aposentado que dedicou parte de sua carreira ao caso ressaltou que a mulher tinha entre 18 e 25 anos. Era digno de nota o fato dela ter coroas dentárias no valor de 10 mil dólares, o que aponta para o fato de que ela era alguém com dinheiro.
Embora o corpo da Dama das Dunas tenha sido exumado duas vezes para coleta de DNA e reconhecimento através de reconstrução facial, nada significativo foi obtido e os esforços não deram resultado.
Radar de profundidade foi usado para buscar suas mãos, análise de maré (caso tivessem sido jogadas no mar), conexões da máfia foram sondadas, bem como gangues de motoqueiros ativas na área. Nada disso deu alguma pista a respeito. Até mesmo uma vidente foi contratada, sem nenhum sucesso.
Tobias contou que um criminoso, o serial killer Hadden Clark preso em Maryland confessou o crime 20 anos atrás, mas as autoridades não acreditaram no sujeito. Diagnosticado com esquizofrenia paranoide, Hadden gostava de assumir crimes para ganhar importância. O detetive Tobias, que se juntou a Polícia local no ano em que o cadáver foi encontrado, continuou no caso até 1989 e trabalhou como consultor até 2009. Ele ainda está envolvido como civil e é tido como um especialista no caso.
Ele apreciou o interesse de Hill na investigação, mas acha que a pista depois de tanto tempo pode ter esfriado. Tobias se mostra cético a respeito e acredita ser difícil encontrar uma solução para o mistério.
"Eu penso que a moça no filme pode ser ela, mas é difícil dizer. Sim, existe a possibilidade. Mas é altamente improvável que isso nos leve a algo definitivo.".
Infelizmente o diretor de elenco que trabalhou em Tubarão faleceu há muitos anos e os registros dos extras do filme, se é que ainda existem, precisariam ser analisados. Além disso, na época eles não eram tão meticulosos quanto atualmente a respeito da presença de extras nas filmagens.
A Universal, estúdio responsável por Tubarão se prontificou a ajudar no que for possível. Mas depois de tanto tempo, e pouco provável que exista algum documento útil.
"Nos não vamos desistir do caso. Jamais! " disse o ex-policial, "mas é preciso admitir que existem grandes dificuldades em casos desta natureza. Da minha parte estou em paz que tudo que podia ser feito, foi feito".
Lapide no cemitério que marca o local onde a vítima foi enterrada |
A Dama das Dunas aguarda ainda pela justiça. Passados 44 anos ela espera que seu nome possa ser descoberto e seu assassino punido.
Fonte: Mundo Tentacular
Baita história...
ResponderExcluir