Fotos históricas talvez sejam uma das maiores unanimidades entre as pessoas. Mesmo as que retratam períodos terríveis são aclamadas por todo o mundo. O fascínio que elas causam provavelmente está no fato de trazerem o passado, e toda nossa história, até o mundo em que vivemos. No caso destas fotografias, além de toda a importância histórica, as imagens servem como alerta: não podemos repetir nossos erros e permitir que algo tão terrível aconteça de novo.
Apesar das milhares, até mesmo milhões, de fotos que provavelmente foram tiradas durante a Segunda Guerra Mundial serem bastante célebres, um punhado delas nunca se tornou popular. Porém, às vezes são as fotografias menos conhecidas que nos revelam toda a crueldade e a incerteza que as guerras trazem à humanidade.
Os soldados nazistas muçulmanos
A imagem acima é a de soldados alemães muçulmanos da era nazista em oração. Eles são da 13ª Waffen-Gebirgs-Division der SS Handschar, uma divisão completamente muçulmana do exército alemão. A unidade, que consistia principalmente de muçulmanos bósnios, foi formada em março de 1943, depois que a Alemanha conquistou a Croácia, que incluía a Bósnia-Herzegovina. Os muçulmanos bósnios foram aceitos na classificação nazista por causa da crença de Heinrich Himmler de que o povo da Croácia era de ascendência ariana, não eslava. Os nazistas também acreditavam que a nova divisão iria ajudá-los a ganhar o apoio da maioria dos muçulmanos em todo o mundo. Com o tempo, a divisão também incluiu croatas católicos romanos, que representavam 10% de suas fileiras.
A unidade foi iniciativa do Grande Mufti Hajj Amin al Husseni. Al Husseni tinha levado um golpe fracassado no Iraque e sido exilado para a Itália e, em seguida, Berlim, onde encorajou bósnios muçulmanos a se juntarem às fileiras do exército alemão. Husseni incentivou os assassinatos de judeus no Norte de África e na Palestina. Ele também queria que a Luftwaffe bombardeasse Tel Aviv. Após a guerra, Husseni fugiu para a França, onde foi preso. Mais tarde, escapou e fugiu para o Egito, onde os Aliados foram desencorajados a prendê-lo novamente por causa de seu “status” no mundo árabe. Husseni morreu em 1974 em Beirute, no Líbano, tendo seu desejo de ser enterrado em Jerusalém negado pelo governo israelense.
Mulher francesa tendo o cabelo raspado
Depois que a França foi libertada no final da II Guerra Mundial, os cidadãos franceses que apoiaram a invasão das tropas alemãs sob qualquer forma foram perseguidos e tiveram suas cabeças vigorosamente raspadas como um símbolo de desonra. A fotografia acima é a de uma mulher cuja cabeça estava sendo raspada em Montelimer, França, em 29 de agosto de 1944. Cerca de 20.000 cidadãos franceses tiveram suas cabeças raspadas em público, a maioria mulheres.
A punição foi frequentemente realizada por moradores ou membros da Resistência Francesa e feita em todos os lugares, desde as casas das vítimas até praças públicas na presença de uma grande multidão. Durante o mesmo período, a Alemanha também decretou que as mulheres que tiveram relações sexuais com não arianos ou prisioneiros de guerra deviam ter suas cabeças raspadas.
A ideia de raspar o cabelo das mulheres como forma de punição não teve início durante a 2ª Guerra Mundial – há registros de que este ritual tenha sido feito na Europa durante a Idade Média, quando foi usado como punição para mulheres adúlteras.
A mulher chorando nos Sudetos
Esta é uma das fotografias mais controversas da Segunda Guerra Mundial. Foi também uma ferramenta de propaganda utilizada tanto pelos Aliados quanto por nazistas. A fotografia foi tirada na região dos Sudetos, na Checoslováquia, em outubro de 1938, após a cidade ser capturada e anexada pela Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial começar oficialmente.
A fotografia mostra uma mulher chorando levantando um dos braços para saudar as tropas alemãs invasoras, enquanto a outra mão segura um lenço sobre olhos cheios de lágrimas. A fotografia apareceu em diversos jornais, em diferentes países, com diferentes legendas. Foi publicada pela primeira vez por um jornal alemão, o Võlkischer Beobachter, que afirmava que a mulher estava tão contente pelo avanço dos soldados alemães que não conseguia esconder seus sentimentos. Nos Estados Unidos, um jornal disse que a mulher não conseguia esconder o seu sofrimento enquanto “respeitosamente” saudava Hitler.
O homem chorando na França
No verão de 1940, soldados alemães marcharam em Paris, marcando a derrota da França e o início do “Les Annee Noires” franceses, também conhecidos como “Os anos negros”. No momento em que os soldados alemães começaram a se mover, o governo francês já tinha abandonado a cidade e fugido para Bordeaux, no sul da França, que era o seu último reduto. A data exata em que a foto foi tirada é contestada. Enquanto ela apareceu originalmente em 1941, acredita-se que tenha sido tirada em 1940. O homem da foto, acredita-se, é Monsieur Jerome Barrett, que estava chorando enquanto as bandeiras da França faziam o seu caminho através de Marselha até a África.
A derrota da França durante a Segunda Guerra Mundial foi chocante, e também bastante decepcionante. Antes da guerra, acreditava-se que a França tinha o melhor exército em toda a Europa. Após a queda para a Alemanha, Adolf Hitler insistiu que os documentos que reconheciam a rendição da França deviam ser assinados na floresta de Compiegne, dentro do mesmo vagão de trem em que a Alemanha tinha assinado os documentos de sua própria rendição no final da Primeira Guerra Mundial. O vagão já estava em um museu, mas foi retirado e levado para a floresta para que os documentos pudessem ser devidamente assinados.
O Dispositivo
As bombas atômicas que explodiram sobre Hiroshima e Nagasaki são por vezes mencionadas como as primeiras armas nucleares. Na verdade, as duas bombas foram apenas as primeiras armas nucleares a matar e destruir. A primeira bomba atômica já feita foi o Gadget (O Dispositivo). Ela foi concluída e testada semanas antes de Hiroshima e Nagasaki. O teste, chamado Trinity, foi realizado no Alamogordo Bombing and Gunnery Range, hoje conhecido como White Sands Missile Range, no Novo México, EUA.
A bomba foi colocada em uma torre de vigia na floresta de 30 metros de altura. Três bunkers foram construídos a 9.000 metros de distância da torre, de modo que a iminente explosão pudesse ser observada. Nas primeiras horas de 16 de julho de 1945, o Dispositivo disparou. A explosão resultante enviou ondas de choque através do deserto, vaporizando a torre e produzindo uma gigantesca nuvem em forma de cogumelo a 12.000 metros de altura. Ela produziu um flash brilhante equivalente ao de 10 sóis. O flash foi tão brilhante que foi visto em todo Novo México e partes do Arizona, Texas e México. O calor produzido foi tão forte que observadores a 16 km de distância o compararam a estar em pé na frente de um incêndio barulhento.
O menino no gueto de Varsóvia
Durante o que ficou conhecido como a Revolta do Gueto de Varsóvia, os judeus em Varsóvia, na Polônia, iniciaram uma revolta de 10 dias contra os soldados alemães. Os judeus sabiam muito bem que seriam derrotados, mas se recusaram a desistir sem lutar. “O menino do gueto de Varsóvia” é o nome dado a um menino judeu com não mais do que 10 anos de idade que foi preso por soldados alemães no gueto após o levante ter sido contido.
As mãos do menino não identificado foram levantadas no ar, enquanto um soldado alemão apontava uma metralhadora para ele. Embora a fotografia seja uma das imagens mais divulgadas do Holocausto, ninguém sabe quem é o rapaz ou o que aconteceu com ele. Algumas fontes dizem que ele foi morto em uma câmara de gás no campo de concentração de Treblinka, enquanto outros dizem que ele sobreviveu.
Em 1999, um homem chamado Avrahim Zeilinwarger contatou um museu israelense dizendo que o garoto era seu filho, Levi Zeilinwarger, que teria sido realmente morto em um campo de concentração, em 1943. Em 1978, um homem não identificado entrou em contato com o Jewish Chronicle dizendo que o menino era o filho dele. Em 1977, uma mulher chamada Jadwiga Piesecka alegou que o menino era Artur Dab Siemiatek, que nasceu em 1935.
Os Jogos Olímpicos dos campos de concentração
Por causa da guerra em curso, os Jogos Olímpicos de 1940 e 1944, que deveriam acontecer em Tóquio e Londres, não puderam ser realizados. No entanto, vários campos de prisioneiros na Polônia seguiram em frente com seus próprios Jogos Olímpicos, tanto em 1940 quanto em 1944. Embora muitos dos eventos tenham sido realizados em segredo, os Jogos Olímpicos de 1944 de Woldenberg, realizados no campo em Woldenberg, e outro realizado no acampamento em Gross Born (ambos na Polônia), foram realizados em uma escala muito maior.
369 dos 7.000 prisioneiros no campo de Woldenberg participaram em diversas modalidades, incluindo handebol, basquete e boxe. Esgrima, tiro com arco, salto com vara e dardo não foram autorizados. As bandeiras para os jogos foram feitas com lençóis. Aos vencedores dos eventos esportivos foram dadas medalhas feitas de papelão. Os Jogos Olímpicos de 1944 foram realizados porque os soldados poloneses queriam permanecer em forma e, ao mesmo tempo, honrar Janusz Kusocinski, atleta polonês que venceu a corrida de 10.000 metros nos Jogos Olímpicos de 1932, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
O naufrágio do HMAS Armidale
O HMAS Armidale era uma corveta, um tipo de navio de guerra, de três mastros, e com uma só bateria de canhões (embora tenha sido originalmente construído para ser um caça-minas) a serviço da marinha australiana durante a Segunda Guerra Mundial. Foi encomendado em 11 de junho de 1942, apenas para ser afundado em novembro do mesmo ano. Enquanto estava em uma missão para evacuar soldados e civis de Betano Bay, no Timor, o HMAS Armidale foi descoberto por aviões japoneses, que o atacaram, assim como a seu “irmão”, o navio HMAS Castlemaine. O Armidale foi logo destruído pelos aviões japoneses, forçando seus tripulantes a abandonar o navio. Vinte e um tripulantes, incluindo o capitão, subiram em uma lancha pequena e danificada, onde aguardaram resgate. Uma vez que o resgate nunca veio, eles começaram a remar em direção a águas australianas.
Dois dias depois, outros 29 sobreviventes começaram uma viagem semelhante em um baleeiro danificado que não parava de encher de água. Os sobreviventes se agarraram a uma balsa flutuante enquanto aguardavam o resgate. Depois de vários dias no mar, os homens na lancha foram resgatados junto com os do baleeiro. Mas os homens pendurados na balsa que aparecem na fotografia nunca foram encontrados. A foto mostrada acima foi tirada pelo piloto de um avião de reconhecimento Hudson, que até deixou cair uma mensagem para eles dizendo que seus salvadores estavam a caminho.
Yakov Dzhugashvili, o filho de Josef Stalin
O homem com as mãos no bolso na fotografia acima é Yakov Dzhugashvili, o primeiro filho de Josef Stalin. A foto foi tirada depois que Yakov foi capturado pelas tropas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. Yakov e Stalin não estavam exatamente tendo um bom relacionamento de pai e filho antes do início da guerra. Stalin muitas vezes o insultou e até mesmo o deserdou. Ele também impediu que Yakov mudasse seu sobrenome para Stalin depois que ele mudou o seu.
Quando os alemães perceberam que Yakov era filho de Stalin, tiraram uma fotografia para fins de propaganda, sempre ela. Na parte de trás das fotografias foi colocada uma curta nota dizendo aos soldados soviéticos para que se rendessem assim como o filho de Josef Stalin. Quando os alemães pediram para trocar Yakov por um marechal de campo alemão capturado, Stalin negou, dizendo que ele não trocava tenentes por marechais de campo. Mesmo com seu ódio e as ofensas públicas a seu filho, na verdade, Stalin tentou resgatá-lo duas vezes.
Yakov morreu no campo de concentração de Sachsenhausen em abril de 1943, sob circunstâncias misteriosas. Enquanto arquivos secretos revelam que ele foi baleado por não seguir ordens, outros dizem que ele cometeu suicídio ao encostar em uma cerca eletrificada. Outro relatório afirma que ele foi morto em ação em 1945.
A bandeira erguida sobre o Palácio de Reischtag
Essa não é exatamente uma foto desconhecida. A imagem da bandeira com a foice e o martelo, símbolos do comunismo soviético, tremulando sobre uma Berlim completamente destruída é, na verdade, uma das imagens mais divulgadas do período pós-guerra. Não é de se espantar, afinal, uma guerra fria estava prestes a ser iniciada e as cartas já estavam sendo postas na mesa. Os soviéticos queriam mostrar para todo o mundo que a vitória sobre Hitler era uma conquista do exército vermelho. Mas você sabia que essa foto não é exatamente o que podemos chamar de espontânea?
Levantar uma bandeira sobre o Reichstag teria sido o equivalente russo da bandeira americana na batalha em Iwo Jima, outra célebre imagem de honra e vitória, exceto que, no caso dos soviéticos, a cena foi encenada, um fato que o fotógrafo, Yevgeny Khaldei, confirmou.
A fotografia mostra um jovem soldado russo levantando a bandeira soviética sobre Berlim após a derrota do exército alemão. Yevgeny Khaldei estava em Moscou quando o exército soviético invadiu Berlim, mas ele rapidamente foi para a Alemanha sob as ordens de oficiais soviéticos do alto escalão, possivelmente do próprio Josef Stalin. Suas ordens eram para produzir imagens que mostrassem a vitória soviética na Alemanha. Yevgeny chegou a Berlim e inspecionou vários locais, incluindo o Aeroporto Tempelhof e o Portão de Brandenburgo, antes de se estabelecer no edifício do Reichstag. Yevgeny tirou 36 fotos diferentes da cena, que seria usada como propaganda soviética. Curiosamente, uma unidade do exército soviético tinha inicialmente içado sua bandeira sobre o edifício não muito tempo depois que a cidade foi capturada, mas a imagem não foi registrada por nenhum fotógrafo.
Fonte: Hype Science
Quando amanhecer, você já será um de nós...
Essas postagens são as melhores :)
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