Umibozu: A lenda do ‘monstro dos mares do Japão’

em 19/04/2018


Contam as lendas que Umibozu é o temível monstro marinho do folclore japonês. Dizem que ele aparece frequentemente no litoral do Japão desde o período Edo (1603-1868), época em que lendas à seu respeito surgiram.

Dizem que a principal ação desse monstro é destruir. Ele sempre aparece para devastar embarcações, levando consigo os seres humanos para as profundezas do mar. As lendas conta que a criatura pode formar um redemoinho nos litorais em formato de uma panela, e nela puxar os seres humanos que estiverem à sua margem.

Suas lendas e descrições são as mais variadas. Contam que a criatura pode tomar várias formas e até mesmo se fazer passar por seu parente próximo, o “Funa-yurei”. No entanto, sua característica física principal é descrita como um ser gigantesco, chegando a medir trinta metros. A aparência mais marcante desse monstro é cor negra e careca reluzente, cujo brilho pode ser visto tanto ao anoitecer como na luz do sol.

Esta careca fez com que o Umibozu ganhasse o apelido de “Monstro careca”. Dizem que esse monstro não tem boca e nem olhos, enquanto sua cor é negra como a noite sem luar. No entanto, algumas lendas relatam a criatura Umibozu com boca enorme e olhos reluzentes como fogo, essas descrições podem ser conferidas em várias retrações feitas por artistas japoneses ao longo de aproximadamente três séculos e meio, desde que histórias a raspeito da criatura surgiram no Japão.

Lendas

Existe um conto muito conhecido sobre o Umibozu e que figura na coleção de histórias do Período Edo. O conto narra sobre um marinheiro chamado Kuwana, que violou um código antigo de navegação, no qual proibia os pescadores de navegarem sozinhos.

E foi o que Kuwana fez ao pegas seu barco e sair sozinho mar adentro no final do mês. Certo do que queria fazer, seguiu intrepidamente mar adentro. Não tardou muito para encontrar um grande Nyudo (um eufemismo para Monstro Careca), que surgiu dos mares exibindo sua careca reluzente. Seus olhos eram terríveis como o espelho de escarlata.

A temível criatura perguntou ao marinheiro se ele via algo em sua forma que fosse assustador. O marinheiro lhe respondeu como responderia a uma pessoa comum, disse ao terrível mostro que não encontrava nada de assustador em sua aparência. Logo após, Kuwana seguiu seu caminho calmamente como se nada demais tivesse acontecido, enquanto o Umibozu ficou parado em meio ao mar olhando o marinheiro seguir com seu barco. Em seguida, a criatura desapareceu.

A lenda do marinheiro Kuwana despertou a imaginação dos japoneses da antiguidade. A partir de então, surgiram uma gama de boatos envolvendo a criatura.


Contam que não temer ao Umibozu ou responder sem receio ao ser indagado faz com que ele desapareça do mesmo modo como surgiu. O medo dos seres humanos lhe dão forças, do mesmo modo que a falta de medo mina a criatura.

Há ainda uma antiga história envolvendo o guerreiro Kuwana no Tokuzo, que enfrentou um Umibozu sozinho, conseguindo vencê-lo após o mesmo ter aterrorizado o litoral leste japonês durante anos.

Há relatos de que alguns pescadores japoneses, em tempos antigos, presenciaram aparições do Umibozu, com relatos registrados em livros oficiais de “cartórios” em províncias costeiras. Alguns deles, no entanto, consta que a criatura, em determinadas aparições, assemelhavam-se a um polvo gigante, com tentáculos enormes, similar aos monstros marinhos comumente narrados nos folclores ocidentais, mas todos afirmando que a criatura era negra e com cabeça reluzente.

Enquanto isso, os contos narram que o monstro, além de negro, cabeça gigante e reluzente, seria constituído de corpo com pernas e longos braços, sendo estes usados para destruir as embarcações.

O mistério envolvendo essa criatura aguçou a mente dos mangakas da atualidade, profissionais que criam e desenham os famosos mangás (quadrinhos japoneses). Umibozu já figurou em vária séries de mangás, com alguns muito populares e conhecidos no ocidente, como a longeva série “One Piece” e o recentemente encerrado “Naruto”.

Fonte: Mundo Nipo

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