Captar um sinal de rádio vindo das estrelas, emitido por uma civilização extraterrestre avançada, já seria um choque grande o bastante para a humanidade. Carl Sagan mostrou isso muito bem em seu romance Contato.
Mas e se decifrássemos a tal mensagem e ela contivesse os seguintes dizeres: "Faremos com que seu Sol exploda em uma supernova amanhã". Como conter o pânico em massa? Deveríamos ceder às exigências de aliens chantagistas, ou torcer para que seja um blefe?
Cenários distópicos como esse são discutidos em um artigo dos astrofísicos Michael Hipke, do Observatório Sonneberg na Alemanha, e John Learned, da Universidade do Havaí. Eles conduziram um estudo teórico que considera diferentes tipos de sinais que poderíamos receber de ETs e os riscos técnicos e existenciais inerentes a cada um deles.
E concluíram: a única maneira de não correr risco nenhum seria destruir a mensagem. Os pesquisadores ponderam que, apesar de a probabilidade de sermos contatados logo de cara por uma civilização alienígena perversa ser muito baixa, ela não é nula — e precisa ser considerada.
Inclusive, se a intenção desses seres hipotéticos for aniquilar a vida humana na Terra, seria muito mais barato transmitir um "Cavalo de Troia" infectado do que mobilizar uma frota de naves de batalha.
Para decifrar mensagens extremamente complexas, muito além de uma imagem ou um texto simples, seria preciso usar computadores. E é aí que está a raiz do problema: não há como prever o conteúdo. Os códigos poderiam, por exemplo, executar uma inteligência artificial (IA) perigosa, capaz até mesmo de nos enganar ou manipular.
Uma das formas aventadas por especialistas para remediar a ameaça seria realizar os procedimentos dentro de uma "prisão", ou seja, um computador desconectado e isolado. Mas Hipke e Learned alegam que "não existe prisão perfeita", e os próprios humanos envolvidos na operação poderiam acabar cedendo a uma IA bastante persuasiva.
Os cientistas defendem, então, que a humanidade deva ser a espécie mais antissocial da galáxia, evitando a todo custo qualquer tipo de contato? Não é bem assim. Colocando na balança, eles ainda pensam que a ameaça é muito pequena comparada aos potenciais ganhos de nos juntarmos a uma rede de comunicação galáctica.
Devemos, no entanto, conhecer os riscos e nos preparar para qualquer cenário, para não tomarmos decisões aleatórias. Nesse meio-tempo, só por precaução, bem que alguém poderia começar a pensar em desenvolver um antivírus interestelar, não é mesmo?
Fonte: Galileu
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