Nova teoria explica um dos mistérios em torno da construção das famosas estátuas da Ilha de Páscoa

em 05/10/2017


A Ilha de Páscoa é conhecida por seu uma das mais isoladas do mundo. Localizada na Polinésia Oriental a mais de 3,5 mil quilômetros da costa chilena, é também uma das mais misteriosas, devido sobretudo as famosas estátuas Moai que se caracterizam como uma das grandes esfinges do planeta. Um dos muitos mistérios ligados a construção desses monumentos gira em torno de como uma civilização tão pequena conseguiu construir centenas destas enormes cabeças de pedra? Uma nova pesquisa parece estar mais perto do que nunca de resolver o enigma.

Quando os europeus chegaram pela primeira vez à costa da ilha em 1722, encontraram quase 900 destas estátuas intactas. Aquilo não tinha muito sentido, já que os números não condiziam com uma população dentre 1.500 e 3.000 pessoas. As contas saíam a menos de quatro pessoas por cada monólito gigante.

A possível resposta? O estudo publicado em Frontiers in Ecology and Evolution estabeleceu o tamanho máximo possível da população para a civilização isolada da ilha em seu apogeu. Segundo Cedric Puleston, autor principal do estudo e professor na Universidade da Califórnia:

- "Parece que a ilha poderia ter sido habitada por 17.500 pessoas em sua apogeu, o que representa o extremo mais alto de todas as estimativas anteriores. Apesar de seu isolamento quase completo, os habitantes da Ilha de Páscoa criaram uma estrutura social diferente, e criaram estas surpreendentes obras de arte antes de que ocorresse uma mudança dramática."

Portanto, o estudo sugere que as estátuas foram talhadas e erigidas em um momento em que a Ilha de Páscoa tinha uma população bem maior. Usando dados da ilha estimaram quão alto poderiam ter atingido esses números. Esta estimativa foi baseada no clima e na qualidade do solo da ilha. De fato, acham que 19% já era capaz de cultivar a quantidade necessária de alimentos para todos os habitantes.

Curiosamente, existe uma teoria afirmando que os nativos da ilha devastaram as matas locais para abrir espaço para a agricultura, por crer que as árvores voltariam a crescer rapidamente. No entanto, o crescimento populacional teria agravado o problema e a ilha deixou de ser autossuficiente para seus habitantes.

Inobstante, há raríssimas evidências de que isso tenha realmente acontecido. Segundo os desbravadores que chegaram a ilha, o povo Rapa Nui era, em verdade, especialista em agricultura e muito inteligente. Um estudo inclusive chegou a demonstrar que os plantações da ilha eram frequentemente fertilizadas com material vulcânico.

Mas, voltando ao assunto principal, se os Moai fossem construídos por um grupo bem maior do que os europeus encontraram, estaria esclarecido parte do mistério que rodeia o enclave. No entanto, também proporia novas perguntas. Por exemplo, como decresceu tão rápido a população nos poucos séculos de diferença entre a construção das estátuas e o primeiro contato com os europeus?

Isso sem contar com outra incógnita não revelada. Ainda que fossem mais habitantes, e com isso fossem capazes de construir as imensas estátuas, como conseguiram transportar pela ilha após terminá-las?

Os antropólogos cogitaram diversos métodos. O que ganhou mais credibilidade foi o proposto pelo arqueólogo americano Charles Love, em 1987 e repetido mais tarde, em 2012, pelos americanos Terry Hunt e Carl Lipo. Eles utilizaram cordas e movimentaram as estátuas de forma que pareciam "andar", conseguindo mover uma réplica por 100 metros. Esta teoria também explicaria um folclore Rapa Nui, que narrava que os grandes Moai caminhavam vivificados por magia.

A Ilha de Páscoa foi nomeada depois do explorador holandês Jacob Roggeveen atravessar o Pacífico, partindo do Chile, e após dezessete dias desembarcar na ilha em um domingo de Páscoa.

Um estudo da antropóloga Mara Mulrooney, da Escola de Arqueologia e Antropologia da Universidade Nacional da Austrália, concluiu através de dados de isótopos de radiocarbono que a Ilha de Páscoa foi habitada por muitos séculos e sua população só decaiu após a chegada dos europeus. Provavelmente a falta de predadores e o excesso de comida na ilha tenham sido o cenário perfeito para os ratos que viajavam escondidos nas caravelas dos primeiros colonos. A verdade? Talvez nunca saibamos.

Fonte: Mdig

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