Os psicopatas agem à sangue frio porque não conseguem pensar nas consequências que suas ações podem ter a longo prazo. Foi à essa conclusão que chegaram pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, em estudo publicado no periódico Neuron.
Segundo pesquisas recentes, o cérebro dessas pessoas é diferente dos de indivíduos saudáveis: eles tendem a não se importar com o futuro, supervalorizando recompensas imediatas.
“[As pesquisas] têm focado nas emoções, em particular na ideia de que psicopatas são predadores com sangue frio que não conseguem expressá-las”, afirmou o neurologista Joshua Buckholtz no estudo. Pensando nisso, os cientistas decidiram ir além e focar no comportamento dessas pessoas: “Independente do que sentem, elas apresentam um comportamento marcado pela falta de autocontrole, e nós estávamos interessados na neurociência disso”.
No novo estudo, a equipe de Buckholtz analisou uma pequena parte da população carcerária americana — acredita-se que 1% das pessoas sejam psicopatas mas que, nas prisões, esse percentual chegue a 25%. Nem todos que têm o desvio são violentos: alguns apenas sentem prazer em roubar ou causar confusão nos ciclos sociais.
Durante o experimento, os presos que tiveram altas pontuações em testes de psicopatia mostraram mais atividade em uma parte do cérebro conhecida como estriado ventral, que se relaciona com respostas imediatas. Os cientistas descobriram ainda que essa parte do órgão tinha uma ligação mais fraca com o córtex pré-frontal medial ventral que, segundo Buckholtz, é importante para a “viagem no tempo mental”, ou seja, a capacidade de pensar em consequências futuras.
Essas descobertas sugerem que os psicopatas costumam agir de maneira antissocial porque seus cérebros são conectados de uma maneira que os faz valorizar mais as recompensas imediatas e negligenciar os problemas que ações imorais podem causar. Além disso, quanto mais “anormal” era o cérebro de um preso, por mais crimes ele estava sentenciado.
Segundo os cientistas, essa parte do sistema nervoso dos psicopatas não é tão estranha: pessoas que agem de forma autodestrutiva, como usuários de drogas e compradores compulsivos, se assemelham com os “doentes”. “Nossos achados colocam a psicopatia dentro da esfera de coisas que podemos interferir”, afirma o neurologista de Harvard.
Fonte: Galileu
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