Em 3 de maio de 1946, Willie Francis, um menino afro-americano de apenas 16 anos, foi levado pelo corredor da morte da Penitenciária Estatal da Luisiana, nos Estados Unidos, para ser executado na cadeira elétrica (chamada familiarmente pelos presos e funcionários da prisão de ‘Gruesome Gertie’ – A terrível Gertie).
Ele havia sido acusado de assassinar, em dezembro de 1944, Andrew Thomas, o proprietário da farmácia onde Willie trabalhava como “menino de recados”.
Após ser sentado na cadeira e preso com as correias, o funcionário encarregado da execução ativou a alavanca e as testemunhas presentes ficaram perplexas ao ver que nada acontecia.
Willie, que se encontrava em evidente estado de nervosismo, entrou em choque e começou a gritar, pedindo que todas aquelas correias fossem removidas. O funcionário da penitenciária ia aumentando a intensidade da descarga elétrica, mas nada acontecia, a cadeira elétrica havia falhado, uma situação que ocorria pela primeira vez, em meio século de uso deste método de execução nos Estados Unidos (desde 1890).
Posteriormente foi possível averiguar por que a descarga elétrica falhou: os cabos foram conectados de forma incorreta por um funcionário alcoolizado.
O crime
Em 1944 Andrew Thomas, um farmacêutico em St. Martinville, Louisiana, foi baleado e morto. Seu assassinato permaneceu sem solução por nove meses, até que em agosto de 1945 Willie Francis foi detido no Texas. A polícia descobriu que o suspeito, que era bem próximo dá vítima, estava carregando a carteira de Thomas no bolso.
Durante os primeiros interrogatórios Francis inicialmente nomeou vários nomes de possíveis desafetos e assim prováveis assassinos para o farmacêutico, e até nomes de pessoas que poderiam fornecer um álibi a Willie, mas a polícia rejeitou estas alegações.
Pouco tempo depois, em outro interrogatório, Willie confessou o assassinato de Thomas, e acabou afirmando o seguinte, - "foi por causa de um segredo sobre mim e sobre ele" - a respeito do motivo que o levou a assassinar o patrão. O significado de sua declaração ainda é incerto.
Gilbert King, em seu livro, "A Execução de Willie Francis" (2008), alude que rumores que circulavam em St. Martinville, diziam que o garoto era vítima de abuso sexual na juventude, sendo que tal abuso era imposto a ele pelo farmacêutico.
Após a confissão Francis levou a polícia para onde ele havia descartado o coldre usado para carregar a arma do assassinato.
A arma usada para matar Thomas havia sido encontrada perto da cena do crime. Ela havia pertencido a um delegado da cidade de St. Martinville que no passado havia ameaçado o farmacêutico de morte. A arma e as balas recuperadas da cena do crime e do corpo de Thomas desapareceram da evidência policial imediatamente antes do julgamento.
Seria Willie inocente?
A falha na cadeira elétrica salvou Willie Francis da morte naquele dia, e o menino aproveitou a espera até que fosse definida a nova data para a execução para pedir que seu advogado apelasse à Corte Suprema, com a finalidade de analisar novamente o seu caso. O julgamento em que ele foi considerado culpado estava cheio de erros, com a promotoria apresentando provas falsas e o desaparecimento da arma do crime, um revólver que não pertencia ao jovem Willie, e sim a um dos ajudantes do xerife, como foi relatado no parágrafo mais acima.
Durante seu julgamento, os advogados de defesa nomeados pelo tribunal não apresentaram objeções, não chamaram testemunhas e não apresentaram defesa. A validade das confissões de Francisco não foram questionadas pela defesa. Dois dias após o início do julgamento, Francis foi rapidamente condenado por assassinato e foi condenado à morte por doze jurados e pelo juiz, apesar de ter sido menor de 15 anos no momento do crime. Como a Louisiana privou quase todos os negros da virada do século pela sua nova constituição estadual, o júri era branco (apenas os eleitores podiam servir).
Willie declarou diversas vezes que era inocente e que havia sido obrigado (após ser agredido pelas autoridades) a assinar um documento onde admitia ter cometido o assassinato.
A revisão do caso focou uma série de violações dos direitos de Willie que estavam contemplados em vários artigos de três das Emendas da Constituição dos Estados Unidos. Apesar de ter sido amplamente discutida e debatida pelos membros do tribunal, que se encarregou de analisá-la, a apelação acabou sendo negada, e a Willie restava apenas esperar que fosse executado novamente.
A segunda execução de Willie Francis
Willie passou os meses seguintes encarcerado no corredor da morte da Penitenciária Estatal de Luisiana, um lugar coloquialmente conhecido como “Angola”, não porque a população daquele local era assim chamada (como erroneamente indicam algumas fontes), mas sim porque era de lá que vinham os escravos africanos que trabalhavam na plantação que existia naquele mesmo local, dois séculos atrás, onde posteriormente a prisão foi construída em 1850.
Em 9 de maio de 1947, um ano e seis dias após a primeira tentativa fracassada, Willie Francis foi conduzido novamente à ‘Gruesome Gertie’, preso à cadeira com correias, e executado (desta vez sem contratempos).
Fonte: Yahoo
Quando amanhecer, você já será um de nós...
Eu acho que foi injustamente mesmo, o cara era Xerife, tinha conhecidos na policia e provavelmente no juri, fora que todo mundo sabe como os States foram (e são) sobre o racismo. "Menino negro perto da vitima? Lógico que é culpado, não precisa nem analizar." Dá até raiva.
ResponderExcluirBites!
Tary Belmont
Ótima matéria Fernando !
ResponderExcluirEstou sentindo falta dos vídeos no canal do YouTube... adoro todos eles