Faz cerca de 11 anos que Plutão foi demovido do status de planeta-anão, deixando um vazio do tamanho de 2.370 quilômetros em nossos corações. Desde então, a busca pelo Planeta 10 — apropriadamente renomeado para Planeta 9 — cresceu e se tornou um movimento internacional, em busca do tal objeto no Cinturão de Kuiper, além da órbita de Netuno. Agora, os cientistas Kat Volk e Renu Malhotra, do Lunar and Planetary Laboratory, da Universidade do Arizona, estão aumentando a aposta — eles sugerem que um 10º objeto de massa planetária, completamente diferente, está se escondendo em algum lugar do Cinturão de Kuiper também. Alguém aí está anotando a placa de todos esses planetas hipotéticos?
Eis o que sabemos desse possível planeta não descoberto: de acordo com o trabalho dos pesquisadores, que foi publicado no Astronomical Journal, esse tal “Planeta 10” estaria localizado a cerca de 55 unidades astronômicas se for real. Isso é significativamente mais próximo do que a localização estimada do Planeta 9, que, acredita-se, está também no Cinturão de Kuiper, mas a cerca de 700 unidades astronômicas. A equipe coloca a massa do Planeta 10 entre a de Marte e a da Terra, o que eles determinaram ao estudar as inclinações orbitais de 600 corpos gelados na região, conhecidos como Objetos do Cinturão de Kuiper (KBOs, na sigla em inglês). Os KBOs orbitam o Sol em uma inclinação que é diferente dos oito planetas conhecidos em nosso Sistema Solar, mas, de acordo com os cálculos dos pesquisadores, as inclinações orbitais desses KBOs em particular eram tão incomuns que alguma outra coisa deveria estar influenciando isso. Os pesquisadores afirmam que o puxão gravitacional de um 10º planeta com aproximadamente a massa de Marte pode ser responsável por seu plano orbital incomum.
“A explicação mais provável para os nossos resultados é que existe alguma massa não vista”, disse em um comunicado Volk, estudante de pós-doutorado no Lunar and Planetary Laboratory da Universidade do Arizona e autora principal do estudo. “De acordo com nossos cálculos, seria necessário algo enorme como Marte para causar a distorção que medimos.”
Embora todos adoraríamos nos juntar à empolgação quanto ao Planeta 10, o astrônomo Kostantin Batygin — coautor de um estudo no ano passado propondo a existência do Planeta 9 — diz que deveríamos pisar no freio, pelo menos por enquanto.
“No fim das contas, o Sistema Solar tem um pouco de propriedade imobiliária em si, então você pode colocar um monte de coisas pequenas nele”, contou Batygin ao Gizmodo. “O que [esses pesquisadores] estão falando sobre não é um corpo maciço, então é plausível que um corpo como o de Marte exista a 100 unidades astronômicas? Sim.” Embora seja importante notar que, por ser bastante pequeno, o objeto pode nem caber na definição oficial de planeta, já que teria que limpar sua órbita de outros objetos — nesse caso, os KBOs.
“Que problema essa explicação encontra?”, continuou Batygin. “O problema de que ele (o planeta) não foi observado ainda.”
Batygin explicou que as pesquisas Catalina e Pan-STARSS deveriam ter tido a sensitividade de descobrir um objeto do tamanho de Marte em algum lugar do Cinturão de Kuiper. Mas procurar por um 10º objeto planetário pequeno como esse em uma região vasta como o Cinturão de Kuiper pode não produzir quaisquer respostas definitivas tão cedo.
“É claro, nenhuma pesquisa é completa”, disse Batygin. “Problemas aparecem o tempo todo, e você deixa escapar algumas partes do céu. Se um objeto está bem em frente à galáxia, ele pode simplesmente escapar de um ponto de vista em que ninguém observa, porque a grande quantidade de estrelas no fundo [significa] que é difícil conduzir qualquer pesquisa significativa.”
Idealmente, encontraremos os planetas 9 e 10 relativamente cedo, antes que o vazio pela perda de Plutão consuma a todos nós. Sério, ciência, a gente precisa disso.
Fonte: Gizmodo
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