Enquanto algumas figuras misteriosas do universo de Harry Potter existem apenas na imaginação de J.K Rowling — como os dementadores que, segundo a autora, representam sua própria experiência com a depressão —, outras foram inspiradas em lendas com origens bem mais antigas. Mas criaturas como os centauros, dragões e hipogrifos já “existem” há séculos na cultura popular e têm registros em poemas, contos ou ilustrações feitas por artistas de diferentes partes do mundo.
Conheça a história e as primeiras versões de alguns desses personagens fantásticos:
O amigo de Dumbledore e criador da pedra filosofal existiu de verdade, mas não como um verdadeiro alquimista: Flamel era um escriba e viveu em Paris no século 14. Séculos após ter morrido, publicações sobre alquimia passaram a atribuir descobertas incríveis ao seu nome, como a própria invenção da pedra filosofal, que transforma metais básicos em ouro, e a conquista da imortalidade com um “elixir da vida”. A história pode ser difícil de acreditar, mas pelo menos o nome de Flamel foi realmente imortalizado em uma rua de Paris, próxima ao rio Sena.
2 - Basiliscos
O nome do basilisco deriva de uma palavra grega, que significa “pequeno rei”. O réptil é considerado o rei das serpentes e pode matar apenas com um olhar. De acordo com uma publicação do naturalista romano Plínio, o Velho, essa lenda teria no máximo 12 dedos de comprimento e um olhar letal, além de ser altamente venenosa. A descrição ainda diz que o macho pode ser identificado com uma pluma vermelha ou negra na cabeça e a fêmea com uma coroa dourada. A principal fraqueza do animal — que Rowling preferiu não incluir na sua versão do basilisco na Câmara Secreta — está no odor das doninhas. Essa referência específica pode ter surgido na Europa, após relatos sobre espécies de cobras asiáticas ameaçadas pelo seu predador natural, a suricata.
3 - Centauros
Na Floresta Proibida de Hogwarts também vivem os centauros, criaturas com o corpo e pernas de cavalo e a parte superior de um corpo humano. Em Harry Potter e a Pedra Filosofal, o centauro Firenze faz sua primeira aparição na saga e resgata Harry durante uma detenção noturna.
Acredita-se que essa figura mitológica tenha vivido no Monte Pelion, área central da Grécia, segundo matéria publicada pela BBC Culture. O próprio interesse de Firenze pela astrologia e outros estudos parece ser uma referência direta a Quíron, centauro mestre de Aquiles na mitologia grega. No Museu Arqueológico Nacional de Nápoles, uma pintura mostra o centauro ensinando seu discípulo a tocar a lira, instrumento parecido com uma harpa, em um registro antigo de que a humanidade já imaginava seres míticos através da arte.
4 - Cérbero
O Fofo, um cão de três cabeças, talvez tenha sido o primeiro animal fantástico a ser citado nos livros de Harry Potter — ou pelo menos a primeira criatura perigosa que Harry, Rony e Hermione descobriram por conta própria em Hogwarts. Na mitologia grega, a criatura era chamada de Cérbero e guardava a entrada para o “mundo inferior”, onde ficam os mortos.
O número de cabeças varia em cada história: o poeta Hesíodo dizia que a besta tinha 50 cabeças, enquanto Píndaro apostava em 100. Em pinturas antigas, o cão já foi retratado com duas cabeças e escritores gregos optavam por três. No Museu do Louvre, um vaso com a imagem de Héracles mostra um cão de duas cabeças. No caso de Fofo, existe uma semelhança com a lenda clássica: ambos podem ser “domados” com música.
5 - Dragões
Além dos basiliscos, o nome dos dragões também tem origem em uma palavra grega, drakon. Mesmo assim, esse mito está presente em muitas civilizações, especialmente no folclore europeu e chinês. São normalmente representados como grandes serpentes ou lagartos com asas e hálito de fogo. Durante o Torneio Tribruxo, em Harry Potter e o Cálice de Fogo, a primeira tarefa envolvia quatro espécies de dragões com origens distintas, o que reforça a presença dessa lenda em diferentes culturas.
6 - Esfinge
Durante o Torneio Tribruxo em Harry Potter e o Cálice de Fogo, a terceira tarefa incluía enfrentar vários monstros e desafios dentro de um labirinto. A esfinge, que não chegou a ser apresentada na versão para os cinemas, cruza o caminho de Harry com um enigma. A cena clássica é uma reprodução de Édipo Rei, peça escrita por Sófocles, onde o protagonista chega à cidade de Tebas e é abordado pela esfinge com a condição de responder a uma charada corretamente — se errasse, seria morto.
Na mitologia grega, essa personagem é considerada uma representação de má sorte e costuma ser retratada com a imagem de uma mulher com o corpo de leão, asas de águia e cauda de serpente. A frase “decifra-me ou devoro-te” surgiu a partir dessa lenda.
7 - Fênix
Fawkes, a fênix que Dumbledore abriga em sua sala, pode ser encontrada em relatos antigos de alguns historiadores. No século 1, Tácito afirma ter visto uma fênix no céu do Egito. A ave com coloração vermelha e dourada parece ser a mesma citada séculos mais tarde por Heródoto. Na mitologia grega e em várias obras da cultura popular, acredita-se que uma fênix pode viver por mais de mil anos antes de finalmente regenerar-se: assim como em Harry Potter, a ave tem a capacidade de renascer das cinzas e suas lágrimas têm poderes curativos.
8 - Hipogrifos
Citados em um poema italiano do século 16, os hipogrifos têm uma origem relativamente moderna se comparada com os outros animais presentes na série, mas a mistura de águia, leão e cavalo é descrita pela primeira vez pelo poeta romano Virgílio. Em Orlando Furioso, de Ludovico Ariosto, o animal é apresentado como uma criatura ágil, capaz de voar ao redor do mundo e em direção à Lua. Alguns artistas do século 19, como Gustavo Doré, retrataram a figura do hipogrifo em várias de suas pinturas.
Em Harry Potter, o hipogrifo Bicuço pertenceu a Sirius Black e a Hagrid mais tarde. É descrito como um animal orgulhoso, forte e muito inteligente.
Fonte: Galileu
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