Nas savanas de alguns países africanos, como Angola e Namíbia, ocorre um fenômeno curioso: centenas de porções de terra árida em formato de círculo são contornados pela grama seca. Essas formas podem ter entre dois a 15 metros e, o mais curioso, é que não existe um consenso científico sobre o que causa esse fenômeno, que ganhou o nome de círculos de fada.
Ano passado uma matéria foi dedicada a falar do tais Anéis de Fadas aqui no Blog Noite Sinistra. Convido os amigos e amigas a clicarem AQUI e acessarem essa matéria.
Até 2014, acreditava-se que isso só ocorria no continente africano. Naquele ano Bronwyn Bell, que trabalha com restauração da natureza na Austrália, encontrou ocorrências do fenômeno na cidade de Perth. Ela enviou um e-mail com fotos dos círculos de fada australianos para Stephan Getzig, do Centro de Pesquisa Ambiental Helmholtz, na Alemanha, ecologista responsável pelas principais pesquisas em torno do fenômeno.
Uma das principais teorias sobre a origem dos círculos de fada foi desenvolvida pelo também ecologista Norbert Jürgens, da Universidade de Hamburgo, na Alemanha. Em uma pesquisa publicada na Science em 2013, ele sugeriu que cupins estejam por trás do surgimento dos círculos.
Getzig e Bell, no entanto, acreditam que a presença de cupins não tenha relação com a manifestação dos círculos. Em pesquisa publicada no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America no dia 14 de março, a dupla, junto com uma equipe de cientistas, defende que os círculos de fada surgem a partir do processo da formação de padrões.
Trata-se de uma teoria que surgiu a partir do artigo "The Chemical Basis of Morphogenesis", do matemático e criador do primeiro computador, Alan Turing (figura histórica interpretado por Benedict Cumberbatch em O Jogo da Imitação) e que sugere que padrões naturais como espirais e listras podem surgir naturalmente a partir de um estado uniforme. Neste caso, a teoria preveria que, em habitats rigorosos nos quais as plantas competem por nutrientes e água, as mais fracas morreriam, as mais fortes cresceriam e, com isso, a vegetação de auto-organizaria em padrões.
Ainda assim, não há comprovação definitiva sobre o que ocorre para que surjam os círculos de fada. Isso porque, além das contradições entre os pesquisadores, o estudo publicado na PNAS revela ainda que existem diferenças entre os círculo africanos e os australianos. Getzin explica que, na Namíbia, por exemplo, as porções de terra são mais permeáveis e conseguem escoar a água da chuva com facilidade, o que não ocorre na Austrália.
A incerteza desses estudos só mostra que o mais empolgante, no que se trata dos círculos de fada, ainda está por vir.
Fonte: Galileu
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