Diário de chefe da SS encontrado na Rússia revela atrocidades do dia a dia nazista

em 05/08/2016


Vieram a público recentemente detalhes arrepiantes da vida diária de Heinrich Himmler, o chefe da SS nazista que mandou milhares de judeus para a morte no Holocausto. O tabloide alemão Bild está publicando uma série de trechos do diário de guerra de Himmler, recentemente descobertos na Rússia.

Um dia, escreveu Himmler, ele recebeu uma massagem antes de ordenar a execução de dez poloneses. Ele também relata ter curtido um lanche no campo de concentração de Buchenwald.

Ele ainda conta no diário ter ordenado que cães fossem treinados para "despedaçar pessoas" no campo de concentração de Auschwitz.

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Historiadores devem publicar os diários em um livro no ano que vem, com notas explicativas.

Himmler estava no círculo mais próximo de Adolf Hitler e tinha o título e de "Reichsfuehrer SS". Ele comandou os esquadrões que assassinaram judeus, poloneses, soviéticos, ciganos e outros grupos classificados como "racialmente inferiores". Himmler é considerado o arquiteto do Holocausto, como foi discutido em uma matéria especial sobre esse assunto publicada aqui no blog Noite Sinistra (clique AQUI para acessar).

Os diários estão sendo estudados pelo Instituto Histórico Germânico de Moscou. Eles cobrem os anos de 1938, 1943 e 1944 e foram achados em um arquivo do Ministério da Defesa da Rússia em Podolsk, uma cidade ao sul de Moscou.

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Historiadores já haviam examinado os diários de Himmler referentes aos anos de 1941, 1942 e 1945 - mas eles não sabiam da existência dos outros até recentemente.

A descoberta é considerada muito importante e os diários têm sido comparados aos do chefe de propaganda nazista Joseph Goebbels.

O pesquisador alemão Matthias Uhl disse que ficou impressionado ao constatar que Himmler dedicava grande preocupação com o bem estar de seus colegas da SS, familiares e amigos - enquanto implementava meticulosamente assassinatos em massa.

Massagem pela manhã, mortes pela tarde

O diário intercala acontecimentos prosaicos com as atividades de guerra. No dia 3 de janeiro de 1943, Himmler recebe uma massagem entre as 10h e as 12h. Depois do evento, almoça com oficiais da SS, e tem uma tarde de reuniões. Às 21h recebe a notícia de que dez policiais poloneses estavam se recusando a lutar pelos nazistas. Entre as 21h e 22h, ele ordena que todos sejam fuzilados e que suas famílias sejam enviadas para campos de concentração.


Treinamento de cães

Em uma das passagens, Himmler recomenda que se treinem cães para que “rasguem qualquer um, com exceção de seus treinadores” para o serem usados no campo de concentração de Auschwitz. Essa informação associada a uma anotação feita na prisão em 1946 por Rudolf Höß, comandante do campo de concentração, ajuda a compor o quadro: “ele [Himmler] recomendou pessoalmente que os cães fossem treinados como cães de pastoreio, capazes de cercar e reunir prisioneiros e impedir fugas. A guarda deveria ser composta por cães o suficiente para impedir a fuga de até 100 prisioneiros”.

Do cassino ao gueto

No dia 9 de janeiro de 1943, Himmler descreve sobre seus compromissos: “comer no cassino da Polícia de Segurança [‘Sicherheitspolizei’], reunião com Oberst, visita ao gueto”. Ele se refere ao Gueto de Varsóvia, onde os nazistas encurralaram centenas de milhares de judeus. Dias depois, os judeus fizeram a sua primeira ação de resistência armada contra a deportação para campos de concentração. Em abril, uma outra revolta eclodiu no gueto, igualmente reprimida pela SS e pela Wehrmacht, nome dado às forças armadas.

Duas famílias

O diário também menciona os telefonemas em que Himmler falava com “Mami” e “Püppi”, apelidos carinhosos que dava para sua esposa Margarete e para sua filha Gudrum. Em paralelo, ele mantinha um relacionamento e dois filhos com sua ex-secretária, Hedwig Potthast. Os pesquisadores levantam a hipótese de que os encontros com essa segunda família são marcados pelas rubricas “inspeção” e “em viagem” (“Unterwegs”).

Networking

Os diários também mostram a forma como Himmler promovia a si mesmo e à SS, que nasceu como uma pequena unidade paramilitar em 1925 e se tornou uma influente força bélica e política, com mais de um milhão de homens ao final da guerra. As páginas mencionam reuniões com mais de 1.600 pessoas.

Corpo de Himmler encontrado em 23 de maio de 1945 após ter cometido suicídio

Fonte: BBC

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