Saudações amigos e amigas. Hoje eu volto a contar com um relato enviado pelo amigo Rogério Santos. No relato de hoje o Rogério nos conta a respeito de uma aparição apavorante que se revelou para ele. convido a todos a conhecer mais esse relato.
UM GRITO NA ESCURIDÃO
Madrugada de 2005. Silêncio.
Estava eu conversando com uma amiga de trabalho, Creuza, no Messenger.
Conversávamos sobre amenidades enquanto eu baixava um arquivo que ela havia
solicitado pessoalmente para eu ler e revisar. Era seu trabalho de mestrado e
estava deveras ansiosa para defender, no entanto encontrava-se angustiada por
conta de toda a exigência que a banca faz no tocante aos vários quesitos que
uma banca de pós graduação efetua. Conversávamos enquanto o pesado arquivo
baixava. Eu até hoje curto muito ficar estudando, lendo pela madrugada afora.
Não consigo me concentrar durante o dia. Meu apartamento tinha dois quartos e
entre eles, ficava o banheiro, que dava para a sala. Cozinha pequena. Esses
caixotes que o governo constrói que nem o engenheiro que o idealizou sonharia
em morar. Mas era confortável morar lá. Tenho boas lembranças. Eu morava no
térreo, de frente para o estacionamento. Poucas pessoas passavam pelo
estacionamento à noite, exceto no cair da tarde: muita gente fazia caminhada ao
longo dos cinco blocos de apartamentos. Depois das dez horas. Só quem chegasse
de carro de algum lugar.
Nessa madrugada aconteceu algo
muito estranho, aterrorizante mesmo. Enquanto eu conversava com Creuza, ouvi um
grito abafado (difícil encontrar o adjetivo preciso para definir aquele grito)
vindo do banheiro. Eu fiquei paralisado na hora. Sabia que não se tratava de um
grito “humano”, mas de algo vindo de um mundo paralelo. [Eu acredito que
existem várias dimensões que convivem paralelamente a nossa dimensão visível.
Acho um equivoco pensarmos – e até arrogante – que só existe a dimensão
material da vida. Creio piamente que existem espíritos que vez ou outra dialogam
ou buscam se comunicar conosco a depender da “frequência” em que se encontram].
O grito durou uns cinco segundos, mas foi o suficiente para eu entrar em pânico
e tentar falar com Creuza. Ela me dissuadiu no sentido de não me deixar
impressionar. Me aconselhou a por uma música para tocar no sentido de não
captar aquela vibração.
[Curiosamente, a dissertação de
mestrado de Creuza versava sobre educação e espiritismo numa famosa casa de
ajuda espiritual em João Pessoa. Lembro que bem antes de ouvir o grito, estava
eu lendo os agradecimentos da dissertação e fiquei impressionado com a forma
como minha amiga tinha entrado no kardecismo: num período curto de seis meses –
acho – Creuza tinha perdido três parentes próximos. A mãe dela entrou em
depressão e a saída que encontrou foi entrar no espiritismo para resgatar – resgatar
mesmo (odeio esse verbo) – o sentido da vida. Cheguei a comentar com ela sobre
esse sucedâneo e, então, um grito clamoroso, feminino, abafado, como que
sufocado, eclodiu no meu banheiro.
Todas as janelas do meu
apartamento são protegidas por grades. Não tinha como alguém entrar ali e
alojar-se. Fui dormir já pela manhã e, como tudo, deixei passar. Foi um
incidente.
ANOS DEPOIS
Nessa época eu fazia doutorado e
quando estamos numa pós, a base da conversa é falar de tese, livros, trabalhos
e o quanto falta para terminar o trabalho. Um grande amigo meu, Felipe, sempre
ia em casa no domingo às 19h30 para conversar, discutir ideias, essas coisas.
Em meados de 2009, ele foi lá em casa, conversamos e por volta de 22h fui
deixar Felipe no estacionamento. No fim de alameda havia uma palmeira imensa,
de frente com o carro do meu amigo.
Eis que vejo uma mulher branca,
magra, alta, parada perto do meio fio [uns cem metro distante de nós. Meu amigo
não viu], usava um vestido florido, cabelo louro amarfanhado, preso. Ela tinha
o olhar perdido. Por prudência, não contei ao meu amigo: ele ia dirigir. Entrei
rapidamente para o apartamento e, como todo tolo, tranquei a porta do quarto a
chave [risos].
Então me senti à vontade de
enviar um torpedo ao meu amigo e dizer o que vi. Ele falou que não tinha visto,
como eu suspeitara. Conversamos pessoalmente sobre o incidente, ele falou um
pouco sobre as experiências que ele teve com o sobrenatural durante a vida. Ele
já tinha sido rosacruz. Para ele esses eventos não eram nem novidade nem
impossíveis de “acontecer”.
UMA PERGUNTA INCONVENIENTE
Confesso que fiquei muito grilado
com o ocorrido e isso me martelou a cabeça durante os meses seguintes. Será que
o grito que ouvi na madrugada era daquela mulher que vi no estacionamento? Eles
tinham alguma correspondência?
Uma noite decidi conversar com o
porteiro, Roberto, antigo morador do bairro do Alto do Mateus. O bairro do Alto
do Mateus, em João Pessoa, tem uma longa história de violência na cidade,
embora hoje encontra-se bem mais “pacato”. Resolvi perguntar se os moradores
reclamavam de barulhos durante a madrugada [são extremamente comuns ouvirem-se
gente batendo na porta, abrindo portões, crianças correndo]. Roberto me disse
que o local onde o condomínio foi construído outrora era uma chácara com um
terreno imenso, repleto de árvores de copa alta. Era natural, segundo ele, que
viciados e outras pessoas má intencionadas procurassem o terreno às escuras
para transar, roubar, extorquir e, quiçá, assassinar alguém. Então ele me disse
que no terreno onde hoje está assentado o condomínio uma mulher foi brutalmente
assassinada numa noite e que, por sorte, o corpo dela tinha sido encontrado. Um
cara a assassinou por estrangulamento e a enterrou embaixo de uma mangueira.
Nos dias seguintes tinha chovido muito e a mão cadavérica ficou visível. Uma
pessoa que passava no terreno viu a mão em estado avançado de putrefação e
acionou a polícia.
Ela era moradora do bairro e
inclusive Roberto chegou a conhecê-la. A descrição física que Roberto me deu
conferiu com a mulher que eu vi naquela noite, solitária olhando o vazio
noturno. Pensando assim, o grito que ouvi era daquela mulher, talvez repetindo
indefinidamente a cena da morte, o modo como foi brutalmente estuprada e
assassinada. Todas as vezes que vou a João Pessoa e me hospedo no meu
apartamento, lembro desse ocorrido. Até hoje detesto ficar olhando para a
janela. Minha impressão é que ela está olhando para mim. Por mais que eu saiba que
ela precisa de ajuda, não me quer fazer necessariamente o mal, até hoje ouço
aquele grito perturbador.
Agradecimentos ao amigo Rogério Santos pelo relato enviado.
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Ui, que agonia! Não sei o que eu faria se ouvisse e visse um espírito.
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