A postagem de hoje, cujo tema foi proposto pela amiga Laura Maciel (Snap: lauramaciel777 e Instagram: Lala_nyan). aborda um fato que vem acontecendo em vários países, onde meninas são vendidas para casamentos arranjados. Os casamentos arranjados ainda são muito comuns em vários países, mas em alguns lugares do oriente médio, África e Ásia, a prática acabou virando uma espécie de comércio, onde muitas jovens tem sido abusadas e torturadas.
Algumas agências de casamento do Vietnã se especializaram em arrumar mulheres para chineses. Pelo menos uma delas mantém um site com fotos das vietnamitas.
Oficialmente, trata-se de agência de casamento arranjado, mas, na prática, o que ocorre é a ‘venda’ de mulheres pobres. E a família das moças que fica com o dinheiro do arranjo.
Em Nanning, capital da província chinesa Guangxi, que fica ao sudoeste e faz fronteira com o Vietnã, as agências colocam nos postes cartazes oferecendo por ‘apenas’ 20 mil yuans (cerca de R$ 5,2 mil) uma vietnamita virgem para casar no prazo de três meses. Não há pagamentos extras, esclarecem os cartazes. “Enviaremos outra (mulher) se ela escapar no primeiro ano.” Afirmam alguns dos cartazes.
A referência nos cartazes à fuga de mulheres mostra uma realidade que a agência omite na internet. O que há em seu site é uma página com fotos de casais arranjados bem-vestidos e supostamente felizes, como no exemplo abaixo.
O site garante que as vietnamitas vão ter uma vida melhor na China e que os "seus clientes (os chineses) não se importam com diferença de idade e outros fatores".
O desequilíbrio de gêneros na China obriga os 18 milhões de solteiros chineses a viajar para países como o Vietnã e Brunei em busca de esposas, que chegam a valer US$ 6 mil se forem virgens.
Os abortos seletivos de meninas na sociedade chinesa também agravam a situação de desequilíbrio. A perspectiva é que em 2020 a China tenha 24 milhões de pessoas solteiras, já que para cada 116 homens nascem 100 mulheres. No resto do mundo, a proporção é de 103 e 107 homens para cada 100 mulheres.
Para as vietnamitas, que são as mais cotadas, casar-se com um chinês significa fugir da pobreza e da baixa posição social. Para elas, os chineses são como os americanos são para as chinesas, ou seja, uma fonte segura de vida confortável e segura.
Por sua vez, os homens chineses também optam pela compra de suas esposas para não precisar corresponder às inúmeras exigências das mulheres chinesas, que procuram ao menos homens que ofereçam uma casa, um veículo e um salário fixo elevado.
Segundo um relatório do portal chinês "Souhu Jiaodian" - sobre o custo de um casamento nas maiores cidades da China, elaborado a partir de uma enquete feita pela internet - em Pequim, por exemplo, é preciso em torno de US$ 315 mil para garantir sua esposa.
A pesquisa leva em conta o custo aproximado de uma casa de 80 metros quadrados, despesas com decorações, artigos para o lar, carro, festa de casamento e lua de mel na Europa, além de tudo que foi gasto durante o período de namoro.
Após todos esses cálculos, pagar uma quantia de US$ 900 a US$ 6 mil para comprar uma esposa que, segundo seus vendedores, será carinhosa e boa, motivou muitos chineses. Há uma pressão pessoal e familiar muito forte na China para comprar uma casa e conseguir uma esposa.
Natural da província sulina de Guangxi, Hong Lin, 22 anos, operário e cujo salário mensal é US$ 312, contou ao portal "Global Times" por que foi buscar uma mulher no Vietnã: "Para alguém como eu é muito difícil conquistar uma mulher chinesa. Eu não queria mais ficar sozinho".
Assim como Hong, muitos chineses pobres partem para o sudeste asiático em busca de comprar uma mulher. Na visão delas, os chineses são ricos e, por isso, aceitam se casar imediatamente.
O problema é que muitos destes casamentos comprados são feitos sem o consentimento das futuras esposas, que em muitos casos são menores de idade. Muitas meninas são raptadas de suas famílias e obrigadas a se casarem para, em muitas ocasiões, acabarem maltratadas e prostituídas.
Com casamentos comprados e forçados, muitas esposas, após um curto tempo ao lado "marido", fogem. Em Shuangfeng, na província central de Hunan, muitos habitantes ficaram sem suas esposas. As mulheres, que foram adquiridas pelo preço médio de US$ 5.686, desapareceram juntas abandonando cerca de 50 chineses.
A fuga coletiva das esposas revelou um possível acordo firmado entre a empresa vendedora e as mulheres vendidas que, desta maneira, poderão ser revendidas e lucrar em dobro com o valor da transação. Por conta desse motivo, os novos compradores estão passando a exigir garantia da empresa.
O desequilíbrio de gêneros intensifica o tráfico de mulheres na China. Porém, a pressão social força muitos solteiros, independentemente da idade, a comprarem suas esposas. Segundo a Federação de Mulheres Chinesas, na cidade fronteiriça de Guangxi, que possui 120 mil habitantes, vivem 1,6 mil mulheres vietnamitas, sendo que 647 não possuem nenhuma formalidade legal.
Menina de 8 anos morre durante lua de mel com marido de 40 anos
Em 2013 a noticia da morte de uma menina de 8 anos, após a lua de mel com o marido de 40 anos, no Iêmen, chocou o mundo. Segundo os médicos, a menina, identificada como Rawan, teve hemorragia causada por ferimentos internos no útero. A morte aconteceu na área tribal de Hardh, na fronteira com a Arábia Saudita. Ela teria sido vendida pelo padrasto para um saudita por cerca de R$ 6 mil, segundo o jornal alemão “Der Tagesspiegel”.
fonte da imagem Santa Catarina 24 Horas |
- Na noite de núpcias e após a relação sexual, ela sofreu hemorragia e ruptura uterina, que causaram sua morte - disse Arwa Othman, da Casa de Folclore do Iêmen à Reuters. - Eles a levaram para uma clínica, mas os médicos não puderam salvar sua vida.
Ativistas de direitos humanos pressionam para que o saudita e a família da menina sejam responsabilizados pela morte.
- Após este caso horrível, repetimos nossa exigência para uma lei que restrinja o casamento para maiores de 18 anos - afirmou um membro do Centro Iemenita de Direitos Humanos à agência dpa.
Casamentos de meninas do Iêmen chamaram a atenção internacional em 2010, quando uma jovem de 13 anos morreu de hemorragia interna depois de ter tido relações sexuais com o marido que tinha o dobro de sua idade. O caso inspirou uma outra menina iemenita, de nove anos, a publicar um relato traduzido sobre seu casamento com um homem de três vezes sua idade.
A ONG Human Rights Watch, sediada em Nova York, fez um apelo no ano seguinte para que o governo proibisse o casamento de menores de idade no país. Citando dados das Nações Unidas, o Human Rights Watch afirma que cerca de 52% das meninas no Iêmen se casam antes dos 18 anos, e 14% antes dos 15. Muitas delas são forçadas a parar de estudar quando atingem a puberdade.
Casamentos arranjados em outros lugares do mundo
A fotógrafa Stephanie Sinclair fez essas fotos pra uma ONG chamada "Too young to wed", que luta contra os casamentos arranjados de crianças. Mais abaixo poderemos conhecer outros casos.
Tehani, 8 anos, Iêmen. "Sempre que eu o via, me escondia. Eu o odeio". Tehani, na frase, lembra dos primeiros dias de seu casamento arranjado. Ela tinha 6 anos, e ele, 25. Essa foto foi tirada com outra noiva arranjada, Ghada, do lado de fora da casa deles.
Destaye, 11 anos, e Addisu, 23, na Etiópia. Eles foram arranjados em uma cerimônia tradicional ortodoxa comum nas áreas rurais do país. Como Addisu é um padre, a tradição diz que ele deve se casar com uma virgem. Por isso Destaye foi obrigada a casar com ele.
Rajani, 5 anos, Índia. De madrugada, ela foi tirada da cama pelo seu tio e levada pro seu casamento. O casamento infantil é ilegal na Índia, então as cerimônias são feitas de madrugada pra evitar a prisão dos envolvidos. Esse tipo de casamento se torna um segredo mantido pela vila inteira, explica um fazendeiro.
Bishal, 15 anos, e Surita, 16, no Nepal. Bishal, na foto, aceita presentes de casamento, enquanto a noiva Surita senta angustiada em sua nova casa. No Nepal os garotos também são obrigados a casar, independente de suas vontades.
Faiz, 40 anos, e Ghulam, 11, no Afeganistão. Eles estão posando pra um retrato antes do casamento. De acordo com o documento do departamento de estado dos EUA, "práticas dos direitos humanos de 2011", aproximadamente 60% das garotas são obrigadas a casar antes da idade legal do país, que é de 16 anos. Assim que o pai concorda com o casamento, a menina é tirada da escola.
Sarita, 15 anos, Índia. Ela chora durante a cerimônia, antes de ser mandada pra casa de seu noivo. No dia anterior, ela e sua irmã de 8 anos foram obrigadas a se casar com dois irmãos.
Leyualem é levada de mula pra casa de seu noivo, após o casamento. A roupa foi colocada na cabeça dela pra que ela não conseguisse encontrar o caminho de volta pra casa, caso decidisse fugir de seu novo marido.
Asia, 14 anos, Iêmen. Ela limpa seu bebê recém-nascido enquanto sua irmã de dois anos brinca ao lado. Ela ainda sangra do parto, e não faz ideia de como cuidar de si mesma, quanto mais de um filho.
Mejgon, 16 anos, Afeganistão. Ela chora nos braços da mulher que a cuida em um abrigo pra mulheres. Ela parou lá porque fugiu do marido com o qual foi obrigada a casar. O pai dela a vendeu pra um homem de 60 anos por duas caixas de heroína.
Bibi Aisha, 19 anos, Afeganistão. Numa prática conhecida como "baad", ela foi dada a um terrorista do Talibã porque matou um membro da família dele, "pra compensar". Ela tinha 6 anos quando isso aconteceu. Ela se casou com 16 anos e constantes abusos começaram. Quando fez 18, ela fugiu, foi pega pela polícia, presa, e depois devolvida pra sua "família". O seu padrasto, marido e três outros membros dessa família levaram ela pras montanhas, cortaram o nariz e as orelhas dela, e deixaram-a lá, pra morrer. Sobreviveu e está em um abrigo.
Jamila, 15 anos, Afeganistão. Uma policial prendeu o marido dela por esfaqueá-la por desobediência. Ao ser perguntada sobre o que aconteceria com ele, Kakar, a policial, respondeu: "Nada, homens são reis aqui". O Talibã matou a policial pela prisão.
China, 18 anos, Etiópia. Ela fugiu do marido e acabou sendo sequestrada e traficada. Ela agora é obrigada a se prostituir. Essa foto foi tirada após ela ter sido violentada por um dos clientes.
Maya e Kishore na foto de casamento.
Nujood, 12 anos, Iêmen. Essa é ela dois anos depois do divórcio, após fugir de um homem de mais de 20 anos. A história dela causou polêmica no país, e fez com que uma proposta de lei, instituindo uma idade mínima pro casamento, fosse criada. A lei ainda não foi aprovada.
Agradeço a amiga Laura Maciel pela dica dessa matéria.
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