Polícia da Malásia localiza 139 covas de vítimas do tráfico de seres humanos

em 28/05/2015


As autoridades da Malásia acreditam que 139 corpos estão sepultados nas fossas encontradas em acampamentos na fronteira com a Tailândia e utilizados por traficantes de seres humanos. "Levando em consideração o tamanho das fossas e depois de ter trabalhado na região temos uma imagem mais clara, segundo a qual cada fossa corresponde a uma pessoa", disse o vice-ministro do Interior, Wan Junaidi Tuanku Jaafar.

Ao ser questionado pela AFP se acredita que 139 cadáveres estão sepultados, já que foram encontradas 139 fossas, o vice-ministro respondeu de maneira afirmativa.

Segundo a investigação preliminar, os corpos estavam envolvidos em um lençol branco, seguindo a tradição islâmica.


Na segunda-feira (25-05-14), a polícia anunciou ter encontrado em uma zona remota do norte do país 139 fossas e 28 acampamentos, que pareciam ter sido abandonados pouco tempo antes.

Após a descoberta, Bangcoc decidiu atuar de maneira mais rígida contra o tráfico de imigrantes.



Pressionados, os traficantes passaram a abandonar milhares de imigrantes em alto-mar.

Depois de rejeitar, em um primeiro momento, a entrada dos imigrantes, Malásia e Indonésia aceitaram dar abrigo temporário às pessoas afetadas.

A polícia malaia anunciou a detenção desde o início do ano de 37 suspeitos de tráfico de seres humanos.

Na Terça Feira (26-05), as equipes forenses da polícia da Malásia começaram a retirar os restos de dezenas de vítimas encontradas no local.



O que restou do acampamento, aparentemente abandonado às pressas, é pouco mais que um emaranhado de bambu e lona, ​​mas um oficial da polícia, que não quis ser identificado, disse que o local poderia ter abrigado até 400 pessoas. O primeiro corpo foi removido nesta terça à tarde (horário local), disse uma testemunha à Reuters. Muhammad Bahar, da polícia do Estado de Perils, afirmou que não poderia confirmar o estado do corpo ou quanto tempo havia permanecido ali, mas acrescentou que a sepultura poderia conter mais corpos.

O Tráfico de seres humanos na região

A atual crise dos migrantes explodiu no início de maio, quando a Tailândia descobriu no sul de seu território, no meio da selva, campos de imigrantes e fossas.

As densas florestas do sul da Tailândia e do norte da Malásia têm sido um importante ponto de parada de traficantes que levam pessoas para o Sudeste Asiático por barco, a partir de Mianmar, na maioria muçulmanos da etnia Rohingya que dizem estar fugindo de perseguição e cidadãos de Bangladesh.

O amigo Rusmea escreveu uma matéria (link abaixo) muito interessante falando justamente dos Rohingyas, no qual ele explica o motivo desse povo ser tão perseguido.

Não deixe de ler: Rohingyas - O Povo que Ninguém Quer.


O tráfico de seres humanos continua sendo um problema muito sério nos países do Sudeste Asiático. As redes criminosas se estendem do oeste da Birmânia, atravessando as zonas costeiras de Bangladesh, até as costas meridionais da Tailândia. Segundo o método utilizado pelos traficantes, o dinheiro dos emigrados é exigido na chegada do país de destino, frequentemente na Malásia, onde a maior parte dos rohingya, a minoria muçulmana perseguida da Birmânia, e dos bengaleses que fogem da miséria, esperam encontrar refúgio. Através das transferências ou dos sequestros, na Tailândia os traficantes recolhem os frutos de seu trabalho.

Segundo os grupos de defesa dos Direitos Humanos, já no sul do país os emigrantes ficam presos na floresta à espera de que amigos ou familiares paguem entre $2.000 e $3.000 para serem libertados. Outros são vendidos às fábricas da Malásia. Segundo Freeland, una ong que ajuda a polícia tailandesa a investigar os grupos criminosos, uma embarcação com 400 pessoas a bordo representa um lucro de $800.000. No início do mês de maio, a Tailândia lançou uma série de operações no sul do país, em plena floresta, contra os campos de trânsito utilizados pelos traficantes, onde foram descobertas várias valas comuns. A nova política de Bangcoc provocou uma reação em cadeia e os traficantes fugiram, deixando centenas de migrantes no mar ou nos campos em plena floresta. “A maior parte dos traficantes da Birmânia e Malásia declara que os chefes tailandeses são os que mais ganham com esses tráficos”, disse um membro da ong Fortify. Obrigados pelo desemprego, pela pobreza e pelo desespero, muitos Rohingya também estão envolvidos nas redes dos traficantes.

Acusações contra as autoridades

Abu Bakar não respondeu ao ser questionado como a rede de campos poderia existir sem o conhecimento das autoridades malaias. Também não respondeu se suspeitava da cumplicidade de funcionários corruptos.


Em nota o governo malaio informou que está investigando se funcionários locais do serviço de florestas estão envolvidos com as quadrilhas de contrabando de pessoas.

Várias organizações de defesa dos direitos humanos acusaram as autoridades do país de não adotar as medidas necessárias para deter o tráfico de seres humanos.

"Tenho certeza de que as autoridades da fronteira sabem o que acontece e quem são os criminosos. Devem responder sobre o que acontece e no mais alto nível", disse Aegile Fernandez, da associação de defesa dos direitos dos migrantes Tenaganita.

"A questão é saber se têm a vontade de deter os grupos criminosos", afirmou.

Segundo a polícia, o governo realiza necropsias. Um corpo estava com alto nível de decomposição.

Repressão de traficantes na Tailândia

Após a descoberta das primeiras fossas no início do mês, a Tailândia iniciou uma operação de repressão dos traficantes, que ao que parece abandonaram as embarcações no mar e deixaram centenas de migrantes à deriva, o que provocou o caos na região.

Malásia, Indonésia e Tailândia se recusaram a receber os migrantes em um primeiro momento, mas os dois primeiros países acabaram por ceder à pressão internacional e passaram a oferecer abrigo temporário.

A Tailândia anunciou nesta segunda-feira que enviará um porta-helicópteros para ajudar os migrantes no mar.

O general Prayut Chan-O-Cha, chefe da junta militar tailandesa, disse a jornalistas que o navio vai ser utilizado "como uma base flutuante, com médicos a bordo" e que, caso encontre embarcações, os passageiros serão levados para o porta-helicópteros, antes de serem transferidos para acampamentos temporários na Malásia e na Indonésia.

"Os feridos e doentes poderão ser tratados em hospitais na Tailândia, mas correrão o risco de ser processados por imigração ilegal", disse ele.

A ONU calcula que 2.000 pessoas permanecem à deriva no mar, em um momento crítico, a poucas semanas do início da temporada de chuvas de monção.

Nas últimas duas semanas, mais de 3.500 pessoas chegaram às costas da Indonésia, Tailândia e Malásia.



Fontes: G1 e Ansa Brasil

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