O primeiro ataque acontece enquanto você está assistindo à televisão e o jornal avisa que o hit do Carnaval é Gordinho gostoso, de Neto LX, música que seus ouvidos recebem como ruído de unhas arranhando um quadro negro. No dia seguinte, você está tranquilo no supermercado escolhendo se vai levar o pão com sete ou 12 grãos quando é novamente surpreendido pelo Gordinho no sistema de som. Aí você entra no carro, liga o rádio e: Gordinho gostoso. É tanta repetição que a música de repente nem parece tão ruim. Tanto que eventualmente você, quem diria, faz uma busca por Neto LX no YouTube e sai cantarolando que “não é Friboi mas tá na moda”. É oficial: você é definitivamente mais uma vítima da síndrome de Estocolmo musical.
Não é tão grave, não é uma doença, é só uma piada do apresentador Mike Rugnetta sobre a síndrome de Estocolmo, que é fenômeno no qual as vítimas de sequestro passam a simpatizar, idolatrar ou se apaixonar pelos seus sequestradores. É que as regiões emocionais do cérebro, incluindo os centros de recompensa, ficam mais ativas quando ouvimos músicas familiares. Muito mais ativas do que quando ouvimos uma música nova que atende a todos os nossos critérios musicais. A sensação é parecida com um colo de mãe. “Ouvir uma música que conhecemos ativa fortemente as regiões do sistema límbico, responsável pelas emoções, e também dos centros de recompensa, que nos dão a sensação de prazer quando somos submetidos a determinado estímulo, o que vai fazer que procuremos novamente esse estímulo”, disse a GALILEU Carlos Silva Pereira, neurocientista autor do estudo.
A pesquisa casa com o “efeito de mera exposição”, um fenômeno bastante conhecido da ciência do comportamento segundo o qual uma grande exposição a algo – música, imagens e até pessoas – influencia o gosto por isso. Por exemplo, se seu amigo ama Taylor Swift e você acaba ouvindo as músicas por osmose, lá pela terceira vez que ouvir Blank Space é bem possível que você passe a gostar da canção.
O que nos leva inevitavelmente à pergunta: ouve-se uma música em todo lugar porque ela virou hit, ou ela é popular porque é tocada o tempo todo? A opção mais provável é a segunda, de acordo com o que indica outro fenômeno. Trata-se do payola, união das palavras “pagar” e “vitrola” em inglês, que significa pagar por baixo dos panos para que determinada música seja tocada nas rádios.
Os menos criativos
O problema, segundo um dos maiores estudos sobre gostos musicais já feitos, é que existe uma relação entre o gosto por música popular e a falta de criatividade. Adrian North, pesquisador da Universidade de Heriot Watt, na Escócia, entrevistou mais de 36 mil pessoas, enquadrou seus gostos musicais em 104 categorias e analisou as respostas a um questionário de personalidade. O resultado apontou que a principal característica em todos os grupos era a criatividade, com exceção dos fãs de pop.
“Acho que a falta de criatividade representa o interesse no mainstream. Os fãs de música pop tendem a ter gostos modais, o que provavelmente explica a pontuação baixa em criatividade”, disse North a GALILEU. O que não significa, é claro, que fãs de música pop sejam menos inteligentes e criativos do que as outras pessoas, mas sim que são menos desafiados a pensar diferente. “Meu estudo mostrou que personalidade explica somente uma porcentagem da variação entre as pessoas quanto ao gosto musical. Algumas dessas variáveis estão “dentro” do ouvinte (como idade e personalidade), algumas são intrínsecas à música (como o estilo e quão complexa ela é), e algumas são características da situação em que a música é ouvida, como ao praticar esportes ou estudar”, explica North. Ou seja, é preciso entender melhor o ouvinte, avaliando o contexto em que ele ouve a música, seu gosto musical, idade, gênero e personalidade, antes de julgá-lo.
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Vamos supor que você não se importe de ser um refém musical com síndrome de Estocolmo e seja uma pessoa criativa apesar de ser fã da “sofrência” (estilo musical que mistura sofrimento e carência). Ainda assim, é preciso ser dito que a música pop piorou e muito nos últimos 50 anos. Pesquisadores do Conselho Nacional de Pesquisa da Espanha examinaram a variação de palavras, acordes e timbres de músicas populares e concluíram que o pop moderno não passa de uma versão aguada do que os Beatles fizeram. “A música popular não mostra nenhuma mudança considerável há mais de 50 anos. As frequências do tom seguem sempre o padrão. Além disso, a base de frequência das palavras é quase idêntica, e várias métricas de tom, timbre e altura permanecem imutáveis”, afirmam os pesquisadores. Ao menos dá para se divertir bastante no Carnaval.
“Eu sou um gordinho gostoso, gordinho gostoso.” Ao menos na votação entre a redação de GALILEU, esse foi o hit do Carnaval 2015. Afinal, Gordinho gostoso, do baiano Neto LX, é a música chiclete que tocou direto nos carros de som Brasil afora. E quem não se identifica um pouco com a letra, não é mesmo?
Em janeiro, o clipe já havia alcançado 1 milhão de visualizações no YouTube (agora já ultrapassou a marca de 2 milhões). Além disso, antes do Carnaval o hit já havia chegado a programas da Rede Globo como Mais Você e Esquenta, e já tinha sido cantado por Ivete Sangalo, Claudia Leitte e Gusttavo Lima.
Com a abundância como estilo de vida, Neto LX e seus 110 quilos apostam na mistura do arrocha com pagode e na ostentação do rap e do funk da Baixada Santista, um estilo que foi apelidado de “arrocha ostentação”. “Boto um boné da John John, copo de whiskey na mão/ invejoso passa mal porque minha vida é assim”, diz a letra da música, tocada em meio a banhos de champanhe e painéis de LED nos shows.
A indústria pop e a manipulação mental
Não é de hoje que teóricos da conspiração afirmam que artistas, produtores e empresários do ramo da música pop, usam canções e clipes para realizar uma verdadeira programação mental nos fãs.
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Segundo algumas dessas teorias, mensagens específicas são ocultadas em determinadas músicas, e quando o ouvinte passa a conviver constantemente com essa canção específica, essa mensagem oculta acaba sendo assimilada pela pessoa.
Outra teoria acaba afirmando que grandes sociedades secretas costumam colocar símbolos e referências em clipes musicais, propagandas e filmes, como forma de afirmar o seu poder. Eles governam o mundo em segredo, e usam de sua simbologia característica como forma de programar nosso subconsciente a reconhecer tais elementos como pertencentes a elite, e assim "comprar" a obediência da população.
É claro que o tema musica versus conspirações é muito mais amplo do que foi apresentado acima, mas esses três parágrafos serviram como uma breve introdução ao assunto, e para dar uma nova perspectiva ao tema que já vinha sendo abordado no texto anteriormente.
Fonte: Revista Galileu
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mas aprender a cantar o hino nacional, q é bom, ninguém aprende. Vemos vários cantores com vozes lindas DESPERDIÇADAS em canções horríveis e o q me conforta é q amanhã ninguém se lembrará mais dessa M..... Música boa, sendo pop ou rock, agente nunca esquece.
ResponderExcluirParabéns!
ExcluirPalmas em pé!
Disse tudo!