Águia nazista continua no Uruguai

em 15/12/2014


O dia 13 de dezembro de 1939 ficou marcado pela única escaramuça da Segunda Guerra Mundial a ocorrer na América do Sul. Na Batalha do Rio da Prata, navios da Alemanha e da Grã-Bretanha travaram uma luta ferrenha pelo controle de uma região do Atlântico em que a marinha nazista vinha sistematicamente afundando embarcações. Passados 75 anos, o clima tenso prossegue.

O conflito desta vez tem como motivo uma águia de bronze de quatro toneladas de peso e dois metros de altura que decorava a popa do Allmirante GrafSpee, o temido encouraçado alemão afundado na Baía de Montevidéu.
Resgatada das águas em 2006, a águia é o símbolo de uma das embarcações mais notórias da Segunda Guerra, mas permanece trancada num armazém da Marinha uruguaia. Seu destino é incerto.

Depois de uma longa disputa nos tribunais, a Justiça uruguaia determinou que a águia é propriedade do Estado. Mas as autoridades uruguaias ainda não anunciaram o que farão com o ornamento - se vão leiloá-lo, vendê-lo ou mesmo o expor em algum museu.

Lucros

Mas a decisão judicial também determinou que qualquer transação comercial envolvendo a águia resultará repasse de 50% do valor sendo aos "caçadores de tesouros" que investiram tempo e dinheiros nas inúmeras tentativas de resgate dos destroços do Speer.

Isso é boa notícia para Alfredo Etchegaray, profissional de relações-públicas que junto com seu irmão Felipe financiou missões de resgate do Speer e reivindica 25% do valor de uma eventual venda. Para ele, a águia deveria ser comercializada, mas não antes de réplicas serem feitas para exibições ao redor do Uruguai.

O Graf Spee foi um dos navios mais notórios da Segunda Guerra Mundial e afundou nove embarcações durante o conflito
"O Museu Naval pode ficar com uma cópia para fazer exibições numa sala própria. A original pode ser vendida e o governo uruguaio investiria o dinheiro em educação ou em melhor equipamento para a Marinha", afirma Etchegaray.

"Queremos cobrar pelo trabalho que fizemos. Se o governo não quiser vender a águia, que compre a parte dos investidores privados. Mas ter a águia num caixote não beneficia ninguém".

Segundo o "caçador de tesouros", a peça tem valor histórico especial.

"Fizemos uma consulta a uma casa de leilões e fomos informados de que peças polêmicas como estas sempre despertam interesse. Ela foi avaliada em US$ 15 milhões", explica Etchegaray.
A estátua, que inclui a suástica, usada livremente como símbolo do Nazismo apesar de suas origens milenares, está sob guarda dos Fuzileiros Navais e segundo o chefe de relações-públicas das Forças Armadas do Uruguai, Gaston Jaunsolo, fica sob estrita vigilância.

Entrave diplomático

No entanto, a mídia uruguaia alega que a águia está sendo guardade num caixote de madeira num prédio com 10 funcionários e apenas um vigia. Juansolo nega.

"Como todo o material resgatado do mar, a a peça está em um compartimento em que também se encontra parte de nosso armamento, com condições de temperatura e umidade adequadas", retruca.

A Batalha do Rio Prata foi o mais próximo do que a América do Sul chegou de um envolvimento mais direto na Segunda Guerra Mundial
O mergulhador profissional Héctor Bado, que coordenou as operações de resgate de 2006 e reinvindica os 25% restantes do valor da venda, entrou com uma ação na Justiça para impedir que Etchegaray ofereça a águia às casas de leilão.

Segundo seus advogados, Bado está irritado com o que chamou de tentativa por parte de Etchegaray de omitir a participação do mergulhador na recuperação do navio e de seu adereço.
"Não passa de uma ciumeira. Todos estamos buscando o mesmo objetivo", desconversa Etchegaray.

Porém, a pendenga está atravancando uma decisão do governo uruguaio, pelo menos de acordo com as Forças Armadas, para quem o destino da águia só será definido depois de Bado e Etchegaray chegarem a um acordo.

Mas o ornamento também virou o pivô de uma briga diplomática. A peça foi exposta durante alguns meses em 2006 no lobby do Hotel Palladium, em Montevidéu. No ano seguinte, a embaixada alemã na capital uruguai pediu que a peça não fosse mais exposta e em 2010 o governo alemão protestou contra uma eventual venda.

"Nosso desejo é evitar que símbolos nazistas sejam comercializados. É a única forma de evitar o enaltecimento dos ideais do Nazismo", disse na época o então ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, durante uma visita a Montevidéu.

Mas a águia não é o único suvenir do Speer.

Seu telêmetro (aparelho medidor de distâncias) adorna a entrada do Porto de Montevidéu, embora muitos turistas não façam a menor ideia.

O encouraçado foi afundado a mando de seu próprio capitão, Hans Langsdorff. Depois de sofrer sérios danos na Batalha do Rio da Prata, o Speer precisava de reparos e, embora o Uruguai tivesse adotado neutralidade na Segunda Guerra, o navio poderia ser confiscado no estaleiro e o relacionamento cordial de Montevidéu com Londres perimitiria o acesso de militares britânicos a segredos como um sistema que detectava radares inimigos.

Dois remanescentes da tripulação do Graf Spee vivem na Argentina e um no Uruguai
Depois de ordenar o afundamento e negociar a rendição de seus marinheiros, que ficaram presos na Argentina, Langsdorff se matou num quarto de hotel de Buenos Aires. Os destroços ficaram a uma profundidade relativamente baixa (11m) e durante décadas seguem representando um risco para a navegação na região.

Fonte: BBC Brasil

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5 comentários:

  1. Essa contenda por este símbolo nazista acho (deixando claro que é o que eu acho) uma besteira. Creio que deveriam pagar aos ‘caçadores de tesouros’ pelo investimento que tiveram que fazer e pelo serviço; o Uruguai deveria por este símbolo num museu, pois museu é onde se trata do passado e isto faz parte da história mundial passada. O navio que está a somente 11 metros deveria ser içado e feito um monumento para que a civilização não esqueça a tristeza que é uma guerra; e os Alemães deveriam desistir de querer apagar o passado e ser exemplo para o mundo de que foram cometidos erros e esses erros não serão mais cometidos.

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  2. Sou negro, eu acho que combater o simbolo nazista é correto!
    mas me digam pq o do comunismo é apoiado até hj?

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    Respostas
    1. Meu amigo, não sei se vc entenderá o que vou explicar pq sou péssimo nisso, mas tentarei.

      O nazismo não mexeu somente com politica, mas também com religião e qualquer bom leitor do Livro Sagrado entende fácil que o povo escolhido por Deus são os judeus.

      Já no comunismo, principalmente praticado por Stálin que matou muito mais gente que o Hitler e seu ridículo nazismo foi feito por de trás das cortinas de ferro e não teve tanta ou nenhuma perseguição aos judeus.

      E como vc disse que é negro ( apesar de não prestar atenção nisto, pois somos todos seres humanos), se orgulha e muito, pois vc é uma raça mais forte que a branca e mais evoluída que a branca. Tem um vídeo que vi há alguns meses atrás do Cauê Moura que explica essa evolução certinho. O link é esse: https://www.youtube.com/watch?v=lYaeRVMCqzY

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    2. Amigo anônimo...a questão não é apoiar o símbolo nazista, mas sim não tentar ocultar as coisas que aconteceram...precisamos parar de virar o rosto para essas histórias e aprender com elas, pois assim não cometeremos os mesmos erros, ou pelo menos sabermos reconhecer quando algum país estiver trilhando esse mesmo caminho. A ideia não é idolatrar esses símbolos...

      Outra coisa...o comunismo não é idolatrado...comunismo é um regime politico criado com ideias socialistas. O socialismo sim é idolatrado por muitos...Os ideias socialistas não são de todo mal, mas o socialismo é apenas um conceito muito bonito no papel...ele não tem como funcionar e a prova disso é o regime comunista dos Soviéticos...que tentou a base da força "convencer" a população a apoiar o regime...

      Outra coisa...nazismo e comunismo não tem nada haver, a não ser a violência...o comunismo está ligado ao socialismo e o Nazismo era o partido de Hitler, que pregava a soberania da raça germânica, e acabou descambando para a eugenia, ou seja tentava provar a superioridade racial.

      Agradeço a participação...

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