Acredito que todos os amigos e amigas em algum momento nas últimas semanas tomaram contato com o caso do garoto Vrajamany Rocha, de 11 anos de idade, que teve o braço amputado após o ataque de um tigre no zoológico de Cascavel, no Paraná, em junho de 2014. O caso voltou a ser alvo dos veículos de comunicação pois o jovem acabou relatando estar sentindo dores no braço amputado. Por mais inacreditável que pareça para algumas pessoas, esse tipo de dores é bem comum a pessoas que sofreram algum tipo de amputação, e o fenômeno acabou se torando conhecido como "membro fantasma". Nas linhas abaixo conheceremos um pouco mais sobre esse assunto.
O fenômeno conhecido como “membro fantasma” acontece quando uma perna ou braço precisa ser amputado e o indivíduo continua sentindo a presença vivida do membro retirado. Por isso o nome de “membro fantasma”. Na verdade, o fenômeno é ainda mais abrangente e não restrito a braços e pernas, mas inclusive partes internas e viscerais do corpo humano. Diversas mulheres, por exemplo, reclamam de cãibras menstruais fantasmas, mesmo após a remoção do útero. Essa ilusão sensorial parece estar relacionada com a incapacidade do córtex pré-frontal em aceitar uma remodelagem da imagem corporal própria.
Em cerca de 50% dos casos de membros amputados, os indivíduos são capazes de descrever movimentos e sensações táteis, como se continuassem a comandar as partes retiradas. Os pacientes não estão iludidos, pelo contrário, têm plena consciência da amputação, mas relatam que a sensação dos movimentos é real. Na outra metade dos casos acontece o oposto – a sensação é de ter o membro amputado constantemente paralisado, em geral numa posição tensa, com punhos fechados, causando dor ao indivíduo. É um problema clínico grave, muitas vezes levando à depressão e ao suicídio. Uma das explicações para o fenômeno sugere que a dor sentida fisicamente surge da incapacidade do cérebro em controlar o braço amputado, criando um circuito de comando negativo entre o cérebro e a imagem projetada do membro fantasma.
Por incrível que pareça, uma das terapias mais eficazes nesses casos é feita de uma forma bem simples e barata. A ideia é enganar o cérebro, fazendo com que tente relaxar o membro ao mesmo tempo em que ganha um reforço visual positivo, indicando que o comando está sendo obedecido e diminuindo a dor. O procedimento é trivial e foi desenvolvida por um colega meu da Universidade da Califórnia em San Diego, o famoso neurocientista V.S. Ramachandran. O indivíduo trabalha com um espelho entre o membro amputado e o real e observa a imagem projetada no espelho ao mesmo tempo em que seu cérebro comanda o membro fantasma. Ao mover o membro real e observar a imagem refletida no espelho, cria-se uma impressão visual, sugerindo que o membro amputado estaria de fato respondendo ao comando do cérebro, aliviando a tensão e a dor. Requer um certo treinamento, mas funciona.
Esse tipo de terapia sugerida mostra a importância do estímulo visual nesse processo e tem ajudado milhares de amputados mundo afora, sendo mais eficiente que uma série de medicamentos para dor. Melhor ainda, a terapia também auxilia pessoas com outros problemas neurológicos que afetam a percepção sensorial do próprio corpo, como certos tipos de derrame que causam paralisia. O espelho tem sido substituído em alguns lugares por terapias mais sofisticadas usando realidade virtual, mas o truque é o mesmo.
Fonte: G1
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É, eu sei como é isso!
ResponderExcluirTem vezes que eu sinto dores de cabeça.