O disco de Nebra

em 11/06/2014


O Disco de Nebra, ou disco celestial de Nebra, é uma placa em bronze com aplicações de ouro, datado como sendo de cerca de 1600 a.c.. Nesse artefato se crê estarem representados fenômenos astronômicos e símbolos religiosos. Esse disco é considerado como a mais antiga representação objectiva do firmamento (abóbada celeste) e, consequentemente, um dos achados arqueológicos mais importantes da nossa época.

Descoberta

O objeto foi descoberto em 1999 por caçadores de tesouros que utilizavam um detector de metais num local pré-histórico, nos arredores do monte de Mittelberg, perto da vila de Nebra na floresta de Ziegelroda, cento e oitenta quilômetros a sudoeste de Berlim, na Alemanha. Infelizmente, os caçadores de tesouros causaram danos consideráveis ao disco quando o removeram toscamente do solo, tendo-o quebrado na extremidade, perdido uma das estrelas e lascado um grande pedaço do disco. Os saqueadores tentaram vendê-lo posteriormente a arqueólogos locais, juntamente com duas espadas, dois machados, um cinzel e fragmentos de pulseiras. Contudo, descobriram que, por lei, os objetos pertenciam ao estado onde foram desenterrados, e como tal não podiam ser vendidos legalmente. Em Fevereiro de 2003 tentaram vender o disco a um colecionador de antiguidades na Suíça por trezentos mil euros. No entanto, o colecionador trabalhava para a polícia suíça e fazia parte de uma armadilha para apanhar o grupo. O grupo foi preso de seguida e o disco recuperado.

Descrição do Disco

A placa apresenta uma forma circular com perímetro de cerca de 32 centímetros, uma espessura que varia entre os 4,5 milímetros no centro e 1,7 milímetros nas extremidades, e pesa aproximadamente 2 quilogramas. O disco é feito de bronze, uma liga metálica de cobre e estanho. Juntamente com uma reduzida percentagem de estanho de 2,5%, apresenta uma pequena quantidade de arsênio, com cerca de 0,2 %, quantidade típica para a Idade do Bronze. A placa foi aquecida diversas vezes com o objectivo de evitar rachaduras no material levando a que assumisse uma coloração entre o castanho escuro e o preto. A coloração esverdeada atual do disco deve-se a uma camada de corrosão de malaquite que surgiu só após um longo período em que esteve enterrado


Evolução dos elementos

Os detalhes feitos com ouro foram feitos gradualmente, como se fossem anexos ao design inicial. Inicialmente foi inserida uma circunferência maior à esquerda (sol ou lua-cheia), uma meia-lua à direita, e 32 pequenas circunferências (entre as quais 7 se encontram agrupadas entre a circunferência e a meia-lua) interpretadas como estrelas.

Mais tarde foram inseridos dois arcos (um na extremidade esquerda e outro na direita – orientação Leste-Oeste) que foram criados com ouro de outra proveniência. De modo a arranjar espaço para estes novos elementos um dos pequenos círculos do lado esquerdo foi movido um pouco em direcção ao centro e outros dois foram tapados do lado direito, apresentando o disco agora somente 30 dos 32 pequenos círculos iniciais. Estes dois arcos ficaram conhecidos como os Arcos do Horizonte.


A última alteração consiste no acréscimo de uma nova curva, também feita a partir de ouro de outra proveniência, colocada na base e interpretada como uma Barca solar. Esta curva apresenta no seu interior duas linhas paralelas que percorrem toda a forma, e também finas incisões nos cantos.

Primeira fase do disco
Segunda fase do disco: acréscimo dos Arcos do Horizonte
Terceira fase do disco: acréscimo da Barca

Interpretações

Relativamente à interpretação, as opiniões dos especialistas divergem, sendo que não é possível afirmar com certeza qual o significado de cada elemento.

Os pequenos círculos de ouro representam possivelmente estrelas, onde o agrupamento de destaque composto por 7 círculos pode ser a representação do aglomerado estelar das Plêiades, pertencentes à constelação Touro. As outras estrelas não são identificáveis, deduzindo-se que se tratem de elementos puramente decorativos arranjados de modo a dar a ideia de céu estrelado.

As plêiades são amplamente representadas em várias civilizações e grupos indígenas ao longo da história. Vale destacar que os Maias estudaram largamente esse grupo de estrelas.

O grande círculo da esquerda é interpretado como um sol ou uma lua cheia, e a forma da direita como uma lua em quarto-crescente.

Os dois arcos laterais representarão os locais onde se levanta e põe o sol ao longo do ano. O ângulo que abarcam, de 82º, equivale ao ângulo que formam o levantamento e o ocaso solar entre os solstícios de Inverno e de Verão na latitude em que o disco foi encontrado.

A barca solar aparenta ter mais relação com a religião do que com a astronomia. É encontrada por toda a Europa em escavações arqueológicas que remetem para a Idade do Bronze e é bastante frequente nas pinturas rupestres escandinavas.

A finalidade do disco

Muitos investigadores acreditam que o disco celestial de Nebra é a mais antiga representação realista do Cosmos encontrada, talvez uma espécie de ferramenta de cálculo astronômico para determinar os tempos de plantação e de colheita. Os povos da Idade do Bronze eram sociedades rurais e, como tal, era vital que tivessem um método que lhes permitisse saber em que época do ano se encontravam (e consequentemente saber as épocas corretas para plantar e colher). Uma maneira para o conseguir tal feito era identificar a posição do Sol ao amanhecer e ao anoitecer.

Intrigado pela possibilidade de o Disco Celeste de Nebra ser um artefacto astronômico, o professor Wolfhard Schlosser da Universidade de Bochum mediu o ângulo entre os dois arcos que estão em extremidades opostas do disco e descobriu que a medida corresponde a oitenta e dois graus. Curiosamente, no monte Mittelberg, entre os solstícios de Verão e de Inverno, o Sol parece viajar cerca de oitenta e dois graus ao longo do horizonte. Essa medida angular pode variar um pouco de lugar para lugar, mais ao norte, por exemplo, seriam noventa graus e setenta para sul. Mas numa estreita faixa da Europa central, a passagem do Sol ao longo do céu mede precisamente oitenta e dois graus. Schlosser concluiu que o par de arcos ao longo da circunferência do disco de Nebra retratava de fato os solstícios de uma forma precisa para o local onde se encontrava. Este fato sugere que as sociedades agrícolas da Europa central, na Idade do Bronze, faziam medições celestiais sofisticadas muito antes do que se suspeitava.

O disco orientado entre os montes Mittelberg e Brocken com representação do pôr do sol.
Início do Outono e da Primavera: pôr do sol na altura do equinócio. O monte Brocken está a 41º à direita do sol.
Solstício de Inverno: o pôr do sol alcança o ponto mais a Sul. O monte Brocken está a 82º à direita do sol.
Outros sugeriram que o disco representa na realidade o céu diurno e o arco inferior um arco-íris. Mas a maioria dos investigadores acredita que este terceiro arco é uma barca solar. Existem ilustrações de um disco num navio da Escandinávia da Idade do Bronze e um artefacto dinamarquês do Século XV ou XIV a. C., a Carruagem Solar de Trundholm, que mostram um cavalo puxando o Sol numa carruagem.

Carruagem Solar de Trundholm
Mas é no Egito que encontramos a fonte principal do símbolo e a crença antiga de que uma embarcação transportava o Sol ao longo do céu noturno, do horizonte ocidental para o oriental. A sua crença era de que Rá, o deus-Sol, viajava através do céu noturno numa barca para que de manhã, ao alvorecer, o Sol pudesse renascer. Se o arco dourado no fundo do Disco Celeste de Nebra representar de fato uma barca solar que viaja de noite ao longo do céu, tratar-se-á então do primeiro indício de tal crença na Europa central.

Hipótese de que o disco de Nebra é uma falsificação

No final de 2004, o disco de Nebra viu-se embrenhado numa controvérsia. O arqueólogo alemão professor Peter Schauer, da Universidade de Regensburg, garantiu que o disco era uma falsificação moderna, e que qualquer ideia de que ele fosse um mapa celestial da Idade do Bronze não era senão "uma fantasia". O professor Schauer afirmou que a pátina verde no artefato, supostamente da Idade do Bronze, tinha sido provavelmente criada de forma artificial numa oficina utilizando "ácido, urina e um maçarico". Ele insistiu dizendo que os buracos ao redor da extremidade do disco eram demasiado perfeitos para serem antigos, devendo ter sido feitos por uma máquina relativamente moderna. A sua conclusão foi de que o objecto era um tambor de xamã siberiano do Século XIX.

Porém posteriormente foi revelado que Schauer nunca estudou o objeto pessoalmente antes de fazer estas afirmações, nem publicou qualquer das suas teorias numa publicação revisada por profissionais especializados. Mas as objeções de Schauer chocaram a comunidade arqueológica alemã e levantaram algumas questões importantes acerca da autenticidade do disco. A primeira foi que, devido às circunstâncias da sua descoberta, o Disco Celeste de Nebra não tinha um contexto arqueológico seguro. Assim, foi muito difícil datá-lo com precisão, em particular porque não havia algo parecido para fazer uma comparação. A datação que foi feita do objecto dependeu da datação tipológica das armas da Idade do Bronze, que os descobridores do disco tentaram vender junto com o disco, e que viriam supostamente do mesmo local. Estes machados e espadas foram datados de meados do segundo milênio antes da nossa era.


As desconfianças mencionadas acima levaram a novos estudos em relação ao disco de Nebra. Novas provas foram proporcionadas pelo Instituto Halle para a Investigação Arqueológica, na Alemanha. O instituto submeteu o artefato a uma exaustiva série de testes que confirmaram a sua autenticidade. Por exemplo, o cobre utilizado no disco foi associado a uma mina da Idade do Bronze nos Alpes austríacos. Os testes também revelaram que o artefato está coberto por uma mistura praticamente sem igual de cristais de malaquite. Além disso, a microfotografia feita à corrosão do disco produziu imagens que provaram que se trata de um artefacto genuinamente antigo e que não poderia ter sido falsificado.

Novos estudos

Os últimos exames feitos ao disco por um grupo de acadêmicos alemães, no início de 2006, permitiram chegar à conclusão de que é de fato genuíno e que funcionou como um complexo relógio astronômico para sincronização dos calendários solares e lunares. O Disco Celeste de Nebra é, assim, o mais antigo guia celeste conhecido e é, certamente, com o observatório de Goseck, o primeiro exemplo de conhecimento astronómico pormenorizado na Europa. Mas a história talvez não tenha ainda acabado. Curiosamente, Wolfhard Schlosser acredita que o disco (recentemente avaliado em oito milhões e trezentos mil euros) é a metade de um par e que o outro ainda está à espera de ser encontrado.


Fontes: Wikipédia e Paradigma da Matrix

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3 comentários:

  1. OH MEU DEUS, NUM KERU MAISH PEKA! PROMETO JAMAIS DEIXAR VOS OOFENDÊ!!! LAMENTO TE PIRDIDO U ÇEU I MERITO DU IMFERNO! O CAMINHO DO CEU ESTA A SEGUIR PROMETO ME DIXAR GUIAR E FECHA AS MINHA PERN...

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  2. É, mais um entre milhares de objetos encontrados que fica na dúvida do que seria realmente.

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    1. Esse é o problema...os casos de falsificação costumam inserir essa desconfiança na gente...uma pena que tenha gente que faça essas coisas, mas a princípio esse disco não foi falsificado não...

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