Conto do Leitor - Um fato na vida de um Depravado

em 26/07/2013


Olá meus queridos amigos e amigas. É com grande satisfação que publico o texto abaixo, que como vocês podem ver pelo título, foi escrito por uma leitora aqui do nosso Noite Sinistra. A leitora que nos agraciou com esse suculento conto, é a nossa estimada amiga Giulia Fontana Pena. Portanto deixo vocês aos cuidados na nossa amiga Giulia...Aproveitem!!!

UM FATO NA VIDA DE UM DEPRAVADO

O que vos relatarei agora se passou comigo há sete anos. Estava eu, na época, em meu último semestre de escola. Era uma sexta-feira sombria, o céu estava nublado e as sombras dos cantos do colégio me pareciam ainda mais negras que de costume.

Saí da aula por volta das 13h e ganhei a rua, enfrentando os olhares de reprovação dos futuros estudantes de Medicina ― aqueles mesmos que passam a juventude a engolir eletrosferas, vetores e regras de pontuação ― e escutando as frívolas risadinhas das garotas que sonham com o primeiro beijo.

Sentei-me à mesa de um bar, pedi uma dose de cachaça e peguei meu caderno, pensando em formular, nas páginas em branco, alguma espécie de texto, em verso ou em prosa. Pus-me a escrever algumas linhas de uns versos vazios enquanto apreciava o destilado e acendia um cigarro. Nesse instante, passa, diante do estabelecimento, a bela Bárbara, jovem esquálida e deprimida, de uns 16 anos, que estudava naquele mesmo colégio e por quem eu nutria intensa paixão. Carregava ela, alguns livros debaixo do braço e andava rapidamente, quase correndo; sua expressão era um misto de desespero, angústia e tormento, o que a deixava ainda mais linda. Terminei a bebida, fumei mais uns dois cigarros e escrevi alguns versos inspirados pela visão que acabara de ter da minha musa.

Cheguei em casa e dormi até que veio a noite, período mais aguardado de todos os dias. Troquei de roupa e saí pelas ruas à procura de alguma distração. Cheguei à zona boêmia, bebi vinho e uísque nas tavernas, escutei música das mais diversas qualidades, olhei as mulheres devassas e voltei a vagar sem rumo pelas ruas. Vi, durante a caminhada, uma moça de vestido negro a cambalear pelos cantos, aproximei-me e ouvi que ela chorava. Tamanha era sua embriaguez, que ela nem notou a minha presença, de modo que pude chegar ainda mais perto e constatar, com pasmo, que era a Bárbara. Segui-a, ávido por possuí-la, até que chegamos a um parque.

Bárbara deitou-se sob uma árvore e eu, escondido atrás de um arbusto, fiquei a observá-la, enquanto ela, ainda em pranto, engolia uns compridos. Agora era certo que, por efeito dessa droga desconhecida, sua consciência se minguaria ainda mais, aproveitei tal oportunidade e me deitei ao seu lado. A moça olhou-me nos olhos, mas não sabia sequer onde estava ou que acontecia. Estava tão deslumbrantemente bela que Eros se apoderou de mim naquele instante. Puxei-a para junto de mim e beijei-lhe sofregamente os lábios e ela aceitou o ósculo. Não satisfeito, beijei-lhe também o pescoço, o colo e fui cobrindo-a de carícias frenéticas. Deitei sobre seu corpo com a euforia de quem ama pela primeira vez, o gozo foi intenso e férvido. Ao pousar minha cabeça sobre seu peito, não pude ouvir-lhe o coração ou sentir-lhe o respirar, ela havia morrido, provavelmente de overdose.

Carreguei o corpo nos braços até chegar a um cemitério, local aonde eu costumava ir para beber, escrever e ter minhas fantasias de amor, dessa vez não seria fantasia. Coloquei o cadáver sobre a grama, ao lado de um túmulo e amei novamente com avidez até o fim da madrugada, quando me vi forçado a retornar para casa.

O corpo que eu abandonara foi encontrado horas mais tarde. Chegou-se à conclusão de que fora suicídio e, hoje, ele continua naquele mesmo cemitério, porém agora dentro de um túmulo que visito com regularidade religiosa e que já profanei incontáveis vezes com o intuito de ter alguém para amar.

Autora: Giulia Fontana Pena

Conheçam a nossa amiga atormentada que escreveu o conto acima...
Giulia Fontana Pena - Gosto de ler, escrever, ver filmes dos mais variados gêneros, aprender idiomas estrangeiros, traduzir e também de estudar ciências exatas. Tenho um apreço especial pela literatura ultrarromântica e também por outros textos cuja narrativa envolva temas macabros, misteriosos ou sobrenaturais, (supostamente) reais ou fictícios, por isso sou fã de blogs como o Noite Sinistra.
Data de Nascimento: 18-10-1995

Uma salva de palmas para a nossa benfeitora Giulia...

Quando amanhecer, você já será um de nós...

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15 comentários:

  1. Muito bom o conto, não sou amante de necrofilia né, mas fazer o que, kkkk

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    1. Essa risadinha no final, logo depois de vc dizer não ser chegado em necrofilia foi suspeita hein...rrsrsrsrsrs

      Abraço manolo...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. adorei. Parabéns a autora. >Necrofilia só legal com zumbis (vc come e em troca é comido).<

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  4. APLAUDINDO DE PÉ !!!!!!! E a senhorita Giulia trate de provideciar mais desses viu !!!!!

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    1. Obrigada pelo elogio! Se o dono do blog autorizar, escreverei mais algum conto para ser postado aqui.

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    2. Ele quer sim . Nós leitores somos quem manda aqui kkkkkk

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    3. Manda ver Giulia...será um enorme prazer ter mais um conto seu aqui nas páginas do Noite Sinistra.

      As palavras do Silvio são as mais verdadeiras possíveis...

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  5. seu jeito macabro de contar é fora de serie
    -Ocultista D.

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    1. A Giulia tem talento neah...tomara que ela continue a escrever...quem sabe um dia não teremos uma renomada escritora de terror tupiniquim...

      Abraços Ocultista D. e obrigado pela participação...

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    2. Fico lisonjeada com tais comentários. Estou trabalhando em um novo conto, mas não sei se a ideia que tive é suficientemente boa. Quando estiver pronto, vou querer que alguém o leia e opine a respeito.
      Abraços a todos.

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    3. Eu leio...e opino...rsrsrsr

      Abraço Giulia...

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  6. eu li o outro conto dessa mulher e daí vim ler esse aqui. Gostei mais do outro conto mas os dois são bons.

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  7. Ótimo conto...adoro este estilo de narrativa(profano)espetacular.
    Parabéns Giulia!

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