A origem do conceito da Trinidade Universal

em 16/06/2013

Quando mencionamos a palavra "Trindade" de imediato pensamos no fundamento da religião católica: o Pai, o Filho e o Espirito Santo; três abstrações diferentes, uma da outra, mas que cada uma delas se complementa exatamente com Deus.

Apesar disso, o conceito da Trindade, entendido como o conjunto dos três poderes que controlam e influenciam o universo, é muito antigo.

Foi justamente o conceito do ritual, ligado a atribuir a vida na Terra a um poder maior, colocado alem desta, que pode considerar-se, na opinião de muitos estudiosos, a linha divisória entre o hominídeo e o ser humano.

A partir daquele distante momento, o homem começou a comparar sua vida na Terra com um poder absoluto, que identificou inicialmente com o Sol e com o trovão. O segundo passo foi relacionar sua vida com a morte, e pelo tanto, com a a ideia da sepultura, dos espíritos e do além.

Assim surgiram as as três concepções, os pilares da Trindade Universal: o mundo atual, a Terra; o mundo de cima, associado ao Céu e a o Sol, e o inferno, o mundo das sombras, onde vivem almas errantes.

Na civilização dos Sumérios, o Absoluto, reconhecido com o nome de Nammu, num ato da criação deu forma ao Céu, denominado An (nome também do Deus do Céu), e a Terra, chamada Ki (a Deusa da Terra se chamava também Ninhursag).


O mundo das sombras era chamado de Kur (uma enorme serpente que vivia no interior de uma montanha no idioma Sumério). O conceito da serpente como eterno devenir, animal que muda a pele e renasce, inúmeras vezes, pelo tanto, criador da vida e da potência, já estava presente nas culturas mesopotâmicas de mais de 6.000 anos.

É estranho que nas culturas andinas seja a mesma serpente a geradora da vida, e pelo fato mesmo de viver no mundo inferior, nas cavidades e nas grutas da Terra, evoca o útero da mulher, de onde origina-se, a vida.
Para as culturas andinas (começando por Tiahuanaco até os Incas) o inferno chamava-se Uku Pacha.

O mundo terreno o do presente denominava Kay Pacha, e o animal que o simbolizava era (e o segue sendo nas culturas indígenas) o jaguar. O felino é símbolo de força potência e precisão.

O mundo de cima, diferentemente chamava-se Hanan Pacha e seu símbolo era o condor, a maior ave voadora do mundo, pela sua aproximação ao Sol, ou seja, a Deus.


Viracocha, o personagem supremo do mundo andino, vivia em Hanan Pacha. Estranhamente, os termos An e Hanan (o mundo de cima dos Sumérios e dos povos andinos) e os vocábulos Ki e Kay (a Terra para os dois povos) são semelhantes.

Poderia tratar-se de uma prova a mais da chegada dos Sumérios ao lago Titicaca, como já discutimos aqui no blog Noite Sinistra em outros textos como: Do Brasil à Bolívia: O misterioso caminho de Peabirú ou no texto Os deuses astronautas e as cabeças de pedra de Tiahuanaco (Clique aqui e aqui para ler os textos mencionados anteriormente) .

Evidencia-se então que o conceito da Trindade já estava sendo representado a 6.000 anos, tanto na Mesopotâmia, como nas margens do Lago Titicaca. Na Índia o conceito da Trindade (Trimurti) também era conhecido desde tempos remotíssimos. Na religião Védica, anterior ao hinduísmo, as três divindades que personificam o conceito do Absoluto eram Suria (Sol), Indra (Deus dos trovões e do Céu ) e Agni (Deus do fogo). Com a chegada do hiduísmo, as três divindades védicas foram suplantadas por Visnú, Brahmá e Shivá, respetivamente o conservador, o criador e o destruidor, mais Trimurti continuou sendo venerada.


Acredita-se que a fé hinduísta em Visnú, Brahmá, e Shiva se originaram de um ovo cósmico e juntam-se num triple aspecto a única entidade divina, o bem dizer Brahman.

O ciclo da criação é representado como um sonho de Visnú durante a qual o criador Brahma sai do seu umbigo e gera o mundo. Ao despertar de Visnú, o mundo originado por Brahmá sera reabsorvido instantaneamente no seu umbigo, desaparecerá em um segundo. Visnú, voltará a dormir, e seu sono será outro universo, criado novamente por Brahmá.

A Shivá, o Deus destruidor se apresenta com um tridente, símbolo do conhecimento do passado, presente e futuro e do controle dos três planes da existência humana: espiritual (alma), mental e físico.

Também no Taoismo, existe o conceito da Trindade: a ideia do Absoluto, personificado na energia vital (chi) se transformou no Deus Yuanshi Tianzun, que assumiu a sua vez as formas de Lingbao Tianzun e Daode Tianzun. Da Trindade taoista nasce o conceito de Taiji e desta ideia de Yin e Yang.


Mesmo assim na mitologia egípcia a Trindade teve sentido simbólico fundamental. O universo estava dividido em três partes: o Céu, Nun, que a Deusa era Nut, a Terra casa dos homens, o Deus era Geb, o criador (gerado a sua vez pelo Nut) e o mundo dos infernos, chamado Duat. Da união de Geb com Nut nasceu Osíris, o Deus da ressurreição. A Trindade continuou sendo venerada com Osíris, sua esposa Ísis e seu filho Horus. Na mitologia egípcia Osíris foi morto pelo seu ciumento irmão Seth. Ísis devolveu ao seu amado a vida e por este fato ela foi lembrada como a Deusa da magia.



Osíris transformou-se no Deus dos mortos, ou o Senhor do inferno, enquanto que Ísis foi considerada como a Deusa da fertilidade e da maternidade. Seu filho Horus, associado ao símbolo do Halcón, foi considerado o fundador da civilização egípcia e venerado como o Deus Sol.

Na mitologia grega a Trindade representava Zeus (Jupiter na mitologia romana), Poseidon (Netuno) e H\des (Plutão). Apesar disso no Panteon grego Zeus não foi considerado a "causa primeira", mais era visto como o Deus do Céu e o Trovão. Era associado simbolicamente a águia e ao raio. Quando os três irmão, Zeus Poseidon e Hades conseguiram desagregar os Titãs, dividiram-se no mundo: Zeus foi o Senhor do Céu, Poseidon do mar, e Hades do Inframundo.

Com a cultura romana fez próprias as crenças e as tradições gregas, estes Deuses foram adorados na Roma Imperial , com os nomes de Júpiter, Netuno e Plutão. Em suma, como podemos observar, o conceito da Trindade Universal, penetrou em muitíssimas culturas em diferentes partes do mundo, desde os Sumérios ate os nossos dias. Os três aspectos da Divindade suprema, estão presentes em todas as sociedades humanas e convivem na base de cada culto.


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2 comentários:

  1. postagem interessante , eu estava um pouco sumido , mas estou de volta :D , mas voltando ao assunto , mesmo com todas essas provas de que a trindade existiu antes do catolicismo , tem certos catolicos que acreditam fielmente que sao os unicos e verdadeiros crentes em um Deus verdadeiro ( menciono os catolicos mais antigos e "mente fechada" , nao sou contra todo e qualquer catolico nao viu ;| ) e tambem desses , alguns sentem uma certa raiva na estrela de Davi ( a de seis pontas [quem nao sabe]) por falta de informação , pensam que esse simbolo só simboliza paganismo e bruxaria , e que o triangulo virado para baixo era simbolo do diabo ( pois eu conheci pessoas que pensavam assim , só nao estou dando "nome aos bois" ) e não acreditam que a estrela esta ligada ao Rei Davi nem ao Rei Salomao( o de Salomao , os triangulos sao cruzados entre si ) por esta maneira nao gostam do judaismo [ opiniao pessoal : acho que por isso tanta gente seguiu a ideia do nazismo de hitler , claro , sei que tinham outros motivos , mas só minha opiniao ] o que acham ? esta faltando algo ? estou errado ? estou aberto a opiniões

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    1. Fanatismo é sempre um problema, seja ele religioso, político, etc...

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