Conto: Tudo por Amor

em 14/11/2012


Pois é meus caros amigos atormentados...Hoje trago a vocês, outro conto de minha autoria...Peço a vocês que comentem, critiquem, façam sugestões...Eu tenho muitas histórias doentias em minha cachola, mas ainda preciso desenvolver melhor meu estilo de escrever, portanto adoraria que vocês fizessem parte desse processo...

Tudo por amor

Minhas mãos trêmulas, ainda seguram a faca coberta de sangue, mas ainda tenho determinação para continuar com o que comecei. Ao meu lado, no sofá, os pais de Clara, minha ex – namorada, ambos degolados, o sangue, agora seco, não é capaz de encobrir o corte irregular e profundo. Clara esta perto de chegar em casa, e encontrará na sala de estar os troféus de caça de um assassino bem sucedido na noite anterior.

Clara foi minha namorada por cinco anos, mas recentemente as minhas diferenças com seus pais estavam prejudicando demais nosso relacionamento, e o pior aconteceu, ela me largou, alegou não haver mais “clima”, e que os seus sentimentos por min mudaram, com o passar dos tempos. Soube que os pais dela vibraram com isso na época. O que estava ruim ficou ainda pior depois dela começar a namorar outro rapaz, um cara de outra cidade, pelo que eu sei, sem família e sem muitos amigos por perto, havia vindo para cá por causa do emprego na empresa de celulose, um coitado que nunca era visto em eventos ou coisas do tipo, muitos nem o conheciam, o que em cidade pequena é um feito a ser respeitado.

Clara é médica, e essa noite teve que trabalhar, era a chance que eu esperava. Invadi a casa por uma janela nos fundos, onde seria impossível que algum vizinho pudesse me flagrar.

Eram cerca de 2 horas da manhã, Jair e Maria, pais de Clara, estavam na cama, entrei no quarto, encoberto pela escuridão, lentamente me encaminhei para o lado de Jair, comecei a passar a faca em seu rosto lentamente, sem a intenção de matar, e sim, de acordá-lo, para que ele me visse antes de morrer, que soubesse que eu seria seu carrasco, sentia prazer em imaginar o terror de Jair. Foram necessários alguns segundos até ele acordar e ligar o abajur, e logo que me viu, me reconheceu, seus olhos se arregalaram, dando-me a agradável sensação do horror que ele estava sentindo, num rápido movimento, fiz a faca percorrer a sua garganta, da direita pra esquerda, sua boca se mexia, mas não lhe saiam palavras, apenas um ruído engasgado, seu pomo de Adão se movimentava com vigor, os olhos arregalados ao máximo, de tal forma que eu podia ver meu reflexo neles, e o sangue jorrando ferimento afora, o fim estava próximo. Ele debatia-se lutando contra o inevitável, segurava com as mãos o local do corte, tentando inutilmente estancar o sangue que jorrava em esguichos ritmados pelo seu coração, eu degustava cada momento, a vingança tinha sabor doce e o aroma desagradável de sangue humano. O prazer da vingança fizera esquecer-me de Maria, senti em min um susto ao dar-me conta de tal descuido, a procurei rapidamente com os olhos, e pude encontrá-la sentada na cama, recostada na cabeceira da mesma, olhando o marido, sem entender o que acontecia, ele se retorcendo, sem o mesmo vigor, de segundos atrás, ela perplexa, e com o mesmo olhar de pânico que antes iluminava o rosto do seu quase finado marido, dei a volta na cama e parei-me ao seu lado, ela ainda o olhava, como se não tivesse sentido minha presença, ou se recusasse a admitir o que estava acontecendo, segurei seus cabelos puxando sua cabeça para traz, logo em seguida repeti o movimento que fizera nele, porém dessa vez da esquerda pra direita. Com dona Maria a cena foi diferente, ela ficou ali, sentada, olhando o marido, sem se dar conta que estava morrendo, foi lentamente se recostando na cama e assim se foi o seu ultimo sopro de vida. Eu extasiado, cheio de adrenalina, podia sentir o poder em minhas mãos, o poder de tirar uma vida, minhas luvas e roupas cobertas de sangue, tremia descontroladamente, lagrimas me corriam olhos afora, estava adorando tal sensação, me senti um Deus.

Tive o trabalho de levar os corpos até a sala de estar e postá-los sentados no sofá, me sentei ao lado esperando por Clara, que a essa altura estaria próxima de chegar em casa. Esse foi o maior período que pude passar com eles, sem ouvir reprovações, e provocações, sem ouvir deles que a filha merecia coisa melhor. E agora com toda certeza eu dei razão a essas provocações.

O tempo passou de maneira devagar e preguiçosa, da forma que ele sempre passa quando estamos ansiosos por algum evento que está por vir. Mas felizmente ele passa, e pude ouvir o carro de Clara roncar em frente à garagem, corri para próximo da porta, pude ouvir passos e vozes, Clara estava acompanhada, certamente Pedro, seu novo namorado. Sujeito com o mesmo porte físico que eu, seria difícil domina-lo, mas o fator surpresa me daria alguma vantagem. Chaves tilintavam ao mesmo ritmo que meu coração galopava em meu peito, a adrenalina disparava como antes, a caça recomeçaria em segundos, a maçaneta era forçada fazendo a porta gemer e lentamente se abrir, Clara entrou primeiro, seguida por Pedro, a porta voltara a gemer, dessa vez para se fechar, em meio à penumbra as chaves voltaram a tilintar e somente depois disso, a luz foi ligada, revelando a minha obra prima, nem dei tempo de reação aos dois e avancei contra Pedro, agarrando o mesmo por trás. Sem entender o que acontecia, mas com um rápido movimento, ele gira em seu próprio eixo me arremessa ao chão. Clara gritava meu nome, o desgraçado estava por cima de min, me golpeando no rosto, a faca havia sido separada de minha mão na queda, pude ver Clara se movimentar por traz de Pedro, segurando algo em suas mãos, ela gritava, ele me surrava, eu sem reação, e Clara o atingiu na cabeça com uma estatueta, ele cambaleou e pude pegar a faca que repousava ao meu lado, mesmo por baixo enfiei a faca em sua garganta, Clara ainda gritando, até que o sujeito cai para o lado esquerdo, sem vida, deixando-me livre.

Levantei olhando Clara, ao me aproximar ganhei um tapa no rosto. O que retribuí com um beijo ardente.

- Pensei que você daria um jeito nesse babaca sozinho – Diz ela com um semblante serio. – Quase pôs tudo a perder! 

- Ele era mais forte do que eu pensava – respondi com um sorriso nos lábios – minha sorte é que você estava aqui.

- Trate de se apressar, tire sua roupa enquanto tiro a roupa dele.

Começo então a me despir, olhando Clara fazer o mesmo com o sujeito. Ao final trocamos de roupa, eu e o cadáver, era conveniente ele ter meu porte físico, minhas ensanguentadas roupas lhe caíram bem. A escolha para nosso bode expiatório havia sido perfeita.

Em pouco tempo a policia chegou, avisada por algum vizinho que deve ter ouvido os gritos. Fomos levados à delegacia, onde Clara explica o acontecido, em uma sala fechada, eu a observo pelo vidro, e imagino que ela conta aos policiais a historia que ensaiamos, durante os meses que sucederam a nossa falsa separação.

“Nós reatamos namoro, mas Pedro, pelo visto, não aceitou a situação. Ao final do turno de trabalho, Clara passara próximo de minha casa onde eu esperava por ela, iríamos juntos até sua casa, onde comunicaríamos oficialmente a seus pais que havíamos reatado o namoro, mas ao chegar na casa dela, fomos atacados por Pedro, logo depois de encontrar os corpos sem vida dos pais de Clara”.

Em resumo seria essa a mesma historia que eu contaria, foi o que combinamos. A polícia se sentirá encorajada a terminar logo as investigações, visto que a família de Clara é uma das mais tradicionais e influentes da cidade. E como já demos aos policiais um suspeito interessante, sem muitos contatos na cidade e que não pode mais se defender, é lógico que os tiras aceitarão a nossa versão, sem maiores problemas.

O problema é que descobri o prazer de matar, e fica a dúvida, como irei satisfazer o meu desejo por sangue de hoje em diante?
Autor (F.S.G)


Quando amanhecer, você já será um de nós...

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